19 mar, 2023 - 17:54 • Lusa
O secretário-geral do PCP insistiu este domingo que é preciso fixar os preços dos bens essenciais, sem ceder à "chantagem" das "prateleiras vazias nos supermercados" feita por quem "nunca teve de enfrentar prateleiras vazias nos frigoríficos".
Neste atual quadro de subida da inflação, "os preços continuam a aumentar, a especulação é cada vez mais visível e há muito" que o PCP denuncia esta situação, afirmou o líder comunista, Paulo Raimundo, num almoço comício em Serpa, no distrito de Beja.
"Propusemos a fixação dos preços dos bens essenciais, em particular dos bens alimentares, e o que fizeram PS, PSD, Chega e Iniciativa Liberal? Votaram contra, todos unidos, uma e outra vez. É vê-los agora todos, aparentemente, preocupados e até de peito cheio sobre este problema", disse.
Paulo Raimundo voltou a defender que "é preciso avançar rapidamente para a fixação dos preços dos bens essenciais, em particular dos bens alimentares", porque esta "é a medida que trava a especulação" e "é um primeiro passo para uma importante melhoria na vida da ampla maioria" da população.
"Não vamos desistir desta luta, temos razão e temos os trabalhadores e as populações connosco nesta exigência", insistiu, reconhecendo que há quem diga que "esta medida levaria às prateleiras vazias no supermercado".
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Um argumento que não passa de "chantagem, demagogia, hipocrisia, conversa de quem nunca teve que enfrentar esse problema que não é do futuro, mas que é um problema do presente", sustentou.
"Nunca teve que enfrentar as prateleiras vazias nos frigoríficos. É isso que passa hoje em dia na casa de muita gente e é isso que é preciso rapidamente ultrapassar", defendeu
Na sua intervenção, no almoço comício regional comemorativo do 102.º aniversário do PCP, realizado num pavilhão do Parque de Feiras e Exposições de Serpa, que contou com 'sala cheia', o líder comunista realçou que "a generalidade da população atravessa dificuldades", porque "os salários e as pensões não acompanham o aumento do custo de vida".
"Ainda na passada quinta-feira, no debate na Assembleia da República, um debate marcado pelo nosso partido, ficou à vista a hipocrisia de uns, a cegueira neoliberal de outros, todos na defesa daqueles que lucram com a especulação", disse, de 'armas apontadas' à "postura do PS, PSD, Chega e IL".
Mas, a última quinta-feira, segundo Paulo Raimundo, fica também "marcada" pelas "declarações de dirigentes do grupo Sonae, afirmando que a inflação não está a ser criada pela distribuição".
"Culparam tudo e todos. Foram os outros, foi a seca, foi chuva, só faltou culparem o 'Borda d'Água'. De resto, culparam tudo e todos, menos eles próprios", ironizou
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Só que a verdade é que a grande distribuição, "à boleia do poder que tem no mercado, aumenta os preços de bens alimentares, sem qualquer controlo e bem acima da inflação".
"O peso da inflação está a ser suportado pelos produtores que vendem os produtos à distribuição e pelos consumidores que compram os produtos à distribuição, ou seja, a pobre da grande distribuição, que tantos sacrifícios faz por todos nós, come de um lado e come do outro", lamentou, também com ironia.
A decisão do Banco Central Europeu (BCE) de "voltar a aumentar as taxas de juro", pelo que "a banca faz mais um belo negócio", e a questão da habitação, que "ganhou centralidade, com direito a ministra de pasta e tudo, a um pacote de medidas do Governo e até a iniciativas do PSD", mas em que, "para lá do ilusionismo político", a banca e o negócio imobiliário passam "ao lado da resolução do problema", foram outra das críticas do líder do PCP.