08 abr, 2023 - 13:30 • Teresa Almeida , Inês Braga Sampaio
Santana Lopes considera que o Presidente da República deve ponderar a dissolução do Parlamento, face às polémicas em torno do Governo.
Em declarações à SIC Notícias, este sábado, o antigo primeiro-ministro, atual presidente da Câmara da Figueira da Foz, garante que não o faz por vingança sobre o que lhe aconteceu em 2004, quando foi demitido pelo então presidente Jorge Sampaio. Santana di-lo, assegura, porque a atual situação do país pode forçar a mão de Marcelo Rebelo de Sousa.
"[Marcelo] devia estar a ponderar este assunto que tudo o que se tem passado. É tao complicado que acho que até o próprio primeiro-ministro deve estar a fazer contas a vida, a ponderar a sua situação. As coisas têm batido num ponto em que toda a gente reconhece que é difícil ir um pouco mais fundo. Não é por nenhuma vingança pelo que me aconteceu em 2004, obviamente. Qualquer comparação é ridícula", salienta.
No entender de Santana Lopes, o Presidente da República "com certeza deve estar a ponderar" dissolver o Governo de António Costa:
"Não lhe peço para o fazer, mas isto assim não pode continuar. Juntamos à crise política os problemas económicos que conhecemos, como Portugal a descer cada vez mais no 'ranking' do rendimento 'per capita'."
O ex-primeiro-ministro, que foi demitido por Jorge(...)
Para Santana Lopes, o melhor até é que Costa apresente um novo governo, uma vez que "ir para eleições é muito arriscado nesta altura".
De qualquer forma, no entender do autarca da Figueira da Foz, a situação atual facilita o crescimento da extrema-direita e da agitação social.
"Se a situação política continuar a degradar-se desta maneira, não havendo alternativa, os extremos sobem cada vez mais, como acontece noutros países da Europa. Para não falar da contestação nas ruas: veja-se o que se passa em França. Mas isto, assim, todos sentimos que não pode continuar", reitera o antigo primeiro-ministro.
No final de 2022, em entrevista à Renascença, Santana Lopes afirmou que, se a situação da TAP com Alexandra Reis e Pedro Nuno Santos tivesse sucedido com um Governo por si liderado, "não tinha dado direito a dissolução, tinha dado direito enforcamento no Terreiro do Paço".