10 abr, 2023 - 15:44 • Diogo Camilo
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta segunda-feira que "não faz sentido" falar em dissolução da Assembleia da República, tendo em conta o contexto de crise económica, subida de inflação e guerra na Ucrânia, deixando um aviso de que "não está no bolso" nem da oposição, nem do Governo, a quem pede que "faça por governar melhor".
"Não faz sentido haver a ideia de dissolver o Parlamento. É preciso fazer as contas e pensar que eleições resultam em quatro meses de paragem na vida económica, na aplicação dos fundos. Não faz sentido, neste ambiente, falar periodicamente em dissolução do governo", afirmou, à margem da inauguração da Casa Museu Soldado Milhões, em Murça.
Sobre a reunião entre deputados, membros do Governo e gestão da TAP, Marcelo comparou o caso a um professor mostrar o exame ao aluno antes da prova: "Se se tivesse passado no Parlamento, eu não diria uma palavra. Mal comparado, é como um professor fazer uma preparação de um exame com os alunos que vai examinar", disse.
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O Presidente da República indicou que este foi um "desgaste desnecessário" para o Governo sobre um "tema sensível a nível externo e interno".
Sobre os motivos pelo qual diz "não fazer sentido" a ideia da dissolução do Parlamento, Marcelo disse: "Nós temos uma guerra, temos uma crise financeira económica agravada pela guerra, temos a inflação ainda muito alta, temos os juros de empréstimos para habitação muito altos, temos uma situação complicada, temos o PRR a começar a acelerar a execução."
E avisou ainda: "A oposição não pode dar por garantido que o Presidente da República escolha pela dissolução do Governo. O Presidente não está no bolso da oposição, nem no bolso do Governo. Está no bolso dele."
Sobre os comentários do conselheiro de Estado, Luís Marques Mendes, que indicou no domingo que "por menos Sampaio demitiu Santana", Marcelo considerou que a situação atual é "em tudo diferente" da de Jorge Sampaio e Pedro Santana Lopes.
"Não havia guerra, não havia inflação. A maioria era liderada por um primeiro-ministro que não foi a votos e existia uma alternativa óbvia, que era um partido à esquerda. Não há paralelo", disse.
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O Presidente da República falou ainda sobre o pedido de alteração de um voo do chefe de Estado por parte do ex-secretário de Estado Hugo Mendes enviou à presidente executiva da TAP, considerando a ideia "estúpida e egoísta" por parte de qualquer político.
"Nunca me passou pela cabeça essa ideia, que seria simultaneamente estúpida e egoísta. Só um político muito estúpido é que ia sacrificar 200 pessoas para partir um dia mais cedo ou um dia mais tarde", disse.
Esta quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, considerou "gravíssimo" o email que o ex secretário de Estado Hugo Mendes enviou à CEO da TAP, afirmando que, se tivesse tido conhecimento, teria obrigado o ministro das Infraestruturas a demitir o ex-secretário de Estado na hora.