16 mai, 2023 - 11:16 • Lusa
O PSD/Madeira considerou esta terça-feira que há uma "absoluta falta de vontade" das autoridades nacionais em procurar uma solução para os limites de vento em vigor no aeroporto da região, que condicionam frequentemente a sua operacionalidade.
"Cada vez mais parece que é uma questão de má vontade. A NAV [autoridade de navegação aérea] e a ANAC [Autoridade Nacional de Aviação Civil] teimam em não decidir. A questão é cada vez mais política e menos técnica", afirmou o deputado social-democrata Carlos Rodrigues.
Falando no Parlamento regional, no período antes da ordem do dia, o parlamentar sublinhou que o Aeroporto Internacional da Madeira é o único no mundo cujos limites de vento são obrigatórios - 15 nós -, embora tenham sido impostos em 1964 e definidos com base em estudos que usaram um avião DC3 da II Guerra Mundial, quando a pista tinha 1.600 metros, sendo que atualmente tem 2.781.
"A questão de fundo é técnica, temos de basear as decisões finais na ciência, mas na ciência de hoje, não de há 60 anos", disse Carlos Rodrigues.
O deputado referiu, por outro lado, que não são ainda conhecidos os resultados do concurso público lançado há cerca de um ano pela NAV Portugal, para aquisição de dois radares, visando a mediação mais precisa do vento ao nível da pista.
Também lembrou que o último grupo de estudo sobre os condicionalismos na operacionalidade do Aeroporto da Madeira destacou o facto de 80% dos voos divergirem porque o vento no momento da aproximação à pista está apenas três nós acima dos limites.
"O que impressiona neste processo é a inércia e a incapacidade dessas entidades [NAV e ANAC] em adquirir os equipamentos", disse, acrescentando, por outro lado, que a vontade política em avançar com uma solução também é "muito fraquinha".
A intervenção do deputado social-democrata não motivou qualquer reação dos partidos da oposição no Parlamento regional - PS, JPP e PCP.
No sábado, o presidente do executivo madeirense (PSD/CDS-PP) alertou para a necessidade de ser retomado o trabalho para aumentar os limites da velocidade do vento fixados para as aterragens no aeroporto da ilha, sublinhando que esse projeto "voltou a cair com a saída do ministro Pedro Nuno Santos" do Ministério das Infraestruturas.
"Temos de alertar o novo ministro [João Galamba] para a urgência de avançar com os trabalhos", disse Miguel Albuquerque, à margem de uma visita a um novo empreendimento na área do enoturismo, no concelho de São Vicente, na zona norte da ilha.
Na passada semana, devido ao vento forte, dezenas de aeronaves não conseguiram operar no Aeroporto da Madeira, tendo divergido para outros destinos e provocado cancelamentos de viagens, o que afetou milhares de passageiros.