22 mai, 2023 - 19:04 • Ricardo Vieira
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, não comenta, mas diz que não pode ignorar as declarações de Cavaco Silva, que no sábado deixou duras críticas ao Governo.
“Não me pronuncio sobre ex-chefes de Estado e, no futuro, não me pronunciarei sobre futuros chefes de Estado. Também não me pronuncio sobre eventos partidários”, começou por referir Marcelo Rebelo de Sousa, em declarações à RTP.
O Presidente da República não comenta diretamente as críticas de Cavaco Silva, no entanto, regista as palavras do antigo primeiro-ministro e chefe de Estado.
“Oiço. Como dizia a Sophia de Mello Breyner: ‘vemos, ouvimos e lemos e não podemos ignorar’. Outra coisa é falar sobre isso”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.
Cavaco Silva proferiu o discurso mais duro e violento desde que deixou funções como Presidente da República, no encerramento do Encontro Nacional de Autarcas do PSD, no sábado.
O ex-chefe de Estado apontou o dedo ao Governo e a António Costa, que acusa de ser “incompetente” e “mentiroso” e de pôr o país num "caminho de degradação política".
"O Partido Socialista e o seu Governo" colocaram "o país na trajetória de empobrecimento e profunda degradação da política nacional", declarou.
Em 51 minutos de discurso, Cavaco Silva lançou farpas e sugeriu mesmo que Costa tenha um "rebate de consciência e se demita". Em princípio, a atual legislatura termina em 2026, mas às vezes, os primeiros-ministros, em resultado de uma reflexão sobre a situação do país, depois de um rebate consciência, decidem apresentar a demissão e dar lugar eleições antecipadas". "Foi o que aconteceu em março de 2011”, lembrando a demissão de José Sócrates após o chumbo do PEC IV.