07 jun, 2023 - 16:38 • Manuela Pires , com redação
António Pires de Lima, antigo ministro da Economia do Governo de Passos Coelho, diz que era completamente desnecessário o pagamento de 55 milhões de euros a David Neeleman para sair da TAP em 2020.
Ouvido esta quarta-feira na comissão parlamentar de inquérito (CPI) à gestão da TAP, Pires de Lima acusou o Governo socialista de assinar o acordo parassocial que permitiu dar essa verba, ao contrário do que estava previsto no acordo de privatização.
“Está nesse [acordo] parassocial assumido em 2017, inimaginável, a explicação, como bem referiram aqui os pobres dos ex-ministros Pedro Nuno Santos e João Leão, para a necessidade de um pagamento posterior de 55 milhões de euros a David Neelman, totalmente desnecessário no acordo de privatização”, afirmou.
“Aqui há razões para concluir que os lucros foram para o senhor Neelman, que se desresponsabiliza da empresa numa altura crítica e os custos ficaram todos dolorosamente para os contribuintes portugueses”, sublinhou o antigo ministro.
António Pires de Lima acusou ainda o antigo ministro das Infraestruturas Pedro Marques de estar a mentir quando diz que com a privatização foi lesiva para o Estado.
“‘A privatização da TAP configurava um modelo de negócio do tipo: os lucros vão para os privados e os prejuízos ficam para o Estado’. Isto não é verdade e estou a procurar ser o mais simpático que posso na qualificação que estou a fazer. Na política, para distrair as plateias dos nossos problemas não vale tudo e há limites para a ignorância”, atirou.
Uma acusação a Pedro Marques que na semana passada trouxe à comissão de inquérito as cartas de conforto dos bancos que permitiram a privatização. Pires de Lima diz que os privados eram os que mais perdiam e não o Estado.
O antigo ministro da Economia, que conduziu todo o processo de privatização da TAP no Governo de Passos Coelho, criticou ainda o aumento de capital do Estado na TAP feito durante os governos socialistas.