O ex-secretário de Estado das Infraestruturas considerou esta quarta-feira que a acusação de ter impedido a TAP de se articular com o Ministério das Finanças é “ridícula”, sublinhando que as negociações com a Comissão Europeia intensificaram a cooperação entre as duas tutelas.
Na comissão de inquérito à TAP, Hugo Mendes lembrou que “foi o Ministério das Finanças que liderou o processo crítico” de negociações com a Comissão Europeia, em 2020, para o auxílio de Estado à companhia aérea e consequente plano de reestruturação, considerando, por isso, uma “acusação ridícula” a ideia de que impediu a companhia aérea de articular com a tutela financeira.
O ex-secretário de Estado da equipa de Pedro Nuno Santos sublinhou que as duas tutelas se pautavam por uma “intensa cooperação”, que se tornou mais forte dada a necessidade de negociar com Bruxelas, cujo único interlocutor direto era o ex-secretário de Estado do Tesouro Miguel Cruz.
Na intervenção inicial que fez na comissão de inquérito à TAP, o antigo governante referiu que "impende sobre o Ministério das Infraestruturas e da Habitação a acusação de ingerência política, sem que, aliás, alguém, alguma vez, tenha feito o mais pequeno esforço para definir tal conceito".
"Creio que já ficou visível a enorme ironia desta narrativa. Não só o Ministério das Infraestruturas e da Habitação sempre criou um anel de segurança em torno da empresa, como muitos dos que nos acusam de ingerência, afinal, exigiam que a TAP voasse para um conjunto de destinos só porque o Estado estava a financiar a empresa", enfatizou.
Hugo Mendes reforçou a ideia: "nunca cedemos a nenhuma pressão externa nem fizemos qualquer pressão interna".
"A atitude do "quero, posso e mando", do "agora que o país pagou pela empresa a TAP tem de voar para todo o lado", ou, na memorável frase do doutor Rui Rio "como a TAP é pública e funciona com dinheiros públicos, tenho de exigir", esta nunca foi a postura do Ministério das Infraestruturas e da Habitação", assegurou.
Segundo o antigo secretário de Estado das Infraestruturas, o seu ministério sempre fez o que era a sua obrigação, ou seja, "proteger a TAP de todas as pressões para que estivessem garantidas as melhores condições para cumprir o plano de reestruturação, de cuja rigorosa execução depende o seu futuro".
"A forma mais fácil de destruir uma companhia de aviação é criar rotas por motivos políticos. Se tivéssemos cedido a uma ínfima parte destas pressões, não só, isso sim, seria ingerência, como levaria ao degradar das contas da empresa, ao incumprimento do plano e à necessidade de injetar mais dinheiro", avisou.