18 jun, 2023 - 18:45 • Lusa
O Partido Comunista Português (PCP) respondeu à presidente do Parlamento Europeu considerando que "na Ucrânia o que existe é um simulacro de Parlamento, de cuja composição foram banidas e ilegalizadas as forças democráticas, de esquerda e progressistas".
A resposta do PCP, colocada na página do partido, surge depois da passagem de Roberta Metsola por Lisboa e da sua intervenção na Assembleia da República, na qual desafiou a deputada comunista Paula Santos a falar no Parlamento de Kiev perante os deputados ucranianos.
"O PCP rejeita e repudia as expressões de arrogância e ingerência que a presidente do Parlamento Europeu decidiu exercitar na sua passagem pela Assembleia da República", lê-se na nota, que acrescenta que "Metsola deve saber que em boa verdade na Ucrânia o que existe é um simulacro de Parlamento, de cuja composição foram banidas e ilegalizadas as forças democráticas, de esquerda e progressistas".
Para o PCP, "aquilo que [Metsola] proclama, "falar-se livremente" nesse fórum, é uma impossibilidade", acrescentam os comunistas, para quem no Parlamento ucraniano "têm no essencial assento forças reacionárias e fascizantes, constituído a partir dum poder assente em forças de cariz nazi que não só impede o exercício do direito de opinião, como promove a prisão e o assassinato daqueles que afirmem uma opinião distinta, factos que não parecem incomodar Metsola".
“Para milhões de pessoas ainda é mais seguro embar(...)
Na sexta-feira, Roberta Metsola, numa parte do discurso dirigida à líder parlamentar comunista, Paula Santos, afirmou: "Eu decidi falar no Parlamento da Ucrânia no dia 01 de abril de 2022; peço-lhe para que diga o que disse aqui em frente aos deputados ucranianos. Para falar com esses deputados que não falam com as mulheres durante semanas, cujos filhos não podem ir à escola (...). Isto não se trata de ficar sentado à mesa e fazer com que as pessoas negoceiem, isto é sobre fazer com que a Rússia saia da Ucrânia. Nem mais nem menos", disse Metsola.
A líder parlamentar comunista reiterou que "é preciso parar de instigar e alimentar a guerra na Ucrânia e abrir vias de negociação", e considerou que "a UE que mobiliza e disponibiliza milhões de euros para o armamento é a mesma que recusa a valorização dos salários e das pensões".
Sobre os efeitos da guerra na Ucrânia, sobretudo económicos, Metsola acrescentou que é preciso ouvir os jovens afetados pela crise da habitação e os empresários atingidos pela inflação.
Roberta Metsola participou na sexta-feira num debate na Assembleia da República que considerou "muito animado" por parte dos deputados dos vários partidos portugueses.
Foi a primeira vez que um presidente de uma instituição europeia participou num debate com os líderes parlamentares no plenário da Assembleia da República.
Durante a tarde, Roberta Metsola participou no Conselho de Estado, a convite do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A reunião abordou as perspetivas sobre a atualidade da agenda europeia, a menos de um ano das eleições para o Parlamento Europeu.