20 jun, 2023 - 18:11 • Lusa
O PCP perguntou esta terça-feira à presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, se não fica incomodada com um poder em Kiev sustentado em "forças de cariz nazi" que "assassina a população".
Na conferência de imprensa de apresentação das conclusões das Jornadas Parlamentares do PCP, que decorreram durante dois dias na Serra da Estrela, a líder parlamentar comunista, Paula Santos, foi questionada sobre as declarações do ministro da Defesa ucraniano esta segunda-feira, que elogiou o discurso da presidente do Parlamento Europeu na Assembleia da República, no qual desafiou o PCP a ir a Kiev.
Na resposta, Paula Santos acusou Roberta Metsola de ter uma "atitude de arrogância e ingerência", mas também de "profunda hipocrisia", defendendo que a União Europeia (UE) tem procurado "alimentar e instigar a guerra", em vez de tentar pôr fim ao conflito.
"Na Ucrânia, o que há é um simulacro de parlamento, porque não há uma livre expressão: estamos a falar de um poder que ilegalizou as forças de esquerda, democráticas, progressistas, do parlamento", sublinhou.
A líder parlamentar do PCP considerou que o poder de Kiev é "sustentado em forças de cariz nazi" e "tem levado ao sofrimento, inclusivamente impede o exercício do direito de opinião, promove a prisão e o assassinato".
"Isto sim deveria incomodar a presidente do Parlamento Europeu. Eu pergunto: se não lhe incomoda que haja um impedimento da livre expressão? Se não a incomoda que ande a assassinar a população e o povo da Ucrânia, com o desenvolvimento desta guerra, e que muito que resulta deste poder nazi?", questionou. .
Paula Santos defendeu que "a posição que o PCP expressa é a que exprime solidariedade com o povo da Ucrânia, que tem estado sempre ao lado do povo da Ucrânia, que tem sido a verdadeira vítima desta guerra".
"Aquilo que nós consideramos e que temos dito desde o início, logo em 2014, é a necessidade de se travar este conflito, de parar a confrontação, de encontrar uma solução pacífica para a resolução deste problema", disse.
Abordando as visitas de seis países africanos à Ucrânia e a Moscovo, este fim de semana, com vista à promoção de um plano de paz, Paula Santos defendeu que, além destes países, também houve iniciativas de paz por parte da América Latina e da Ásia.
"Estranhamente, por parte dos Estados Unidos, da UE, aquilo que se vê, com a NATO, é de um facto um caminho contrário à necessidade neste momento de paz", disse. .
Na segunda-feira, o ministro da Defesa ucraniano elogiou o discurso de Metsola na Assembleia da República, reproduzindo um vídeo do momento em que a presidente do Parlamento Europeu se dirige a Paula Santos para a desafiar a ir a Kiev.
"Exemplo brilhante de Roberta Metsola a combater a hipocrisia e o "apaziguamento" com honestidade e verdade", destacou Oleksii Reznikov numa publicação na rede social Twitter, agradecendo o "compromisso e apoio" de Metsola "à Ucrânia e à democracia".
Roberta Metsola desafiou na sexta-feira a deputada comunista Paula Santos a falar no Parlamento de Kiev perante os deputados ucranianos.
"Eu decidi falar no Parlamento da Ucrânia no dia 01 de abril de 2022. Peço-lhe [deputada Paula Santos] para que diga o que disse aqui em frente aos deputados ucranianos. Para falar com esses deputados que não falam com as mulheres durante semanas, cujos filhos não podem ir à escola (...). Isto não se trata de ficar sentado à mesa e fazer com que as pessoas negoceiem, isto é sobre fazer com que a Rússia saia da Ucrânia. Nem mais nem menos", disse Metsola dirigindo-se à deputada do PCP.