28 jun, 2023 - 06:30 • Lusa
O PCP confronta esta quarta-feira o Governo sobre o “agravamento das condições de vida”, o combate às desigualdades e a “degradação do acesso a serviços públicos”, acusando o executivo de não dar respostas aos problemas e de recusar “soluções necessárias”.
Este debate, que foi anunciado na semana passada nas jornadas parlamentares do PCP na Serra da Estrela, tem uma duração prevista de duas horas e contará com a participação da ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, e dos secretários de Estado da Economia e do Trabalho.
Em declarações à agência Lusa, a líder parlamentar do PCP, Paula Santos, afirmou que o seu partido decidiu agendar este debate para “apresentar soluções” e “confrontar o Governo com as suas opções políticas, em particular com a falta de resposta aos problemas que aí estão e que se agravam todos os dias”.
Entre os vários temas que o partido pretende abordar, a deputada comunista destacou a questão dos salários e das pensões, salientando que “têm vindo a perder valor real” e “não permitem às famílias ultrapassar as dificuldades que estão a sentir”.
“Uma questão essencial prende-se com confrontar o Governo sobre a necessidade de recuperar o poder de compra, de valorizar os salários e as pensões, (…) e do necessário controlo e redução dos preços de bens e serviços essenciais”, frisou.
Paula Santos referiu que o debate servirá também para alertar para a situação de “grande desigualdade e injustiça” na sociedade, com lucros a aumentarem “de forma escandalosa”, em particular nos setores bancários, energéticos ou das telecomunicações, enquanto as dificuldades das famílias “são cada vez maiores”.
No que se refere ao acesso a serviços públicos, o partido pretende interpelar o Governo sobre a saúde, com a líder parlamentar do PCP a advertir que “as dificuldades são imensas” e criticando a “decisão injustificável do encerramento dos blocos de partos em determinados hospitais”.
Essa decisão “revela, por parte do Governo, não um sentido de reforço do Serviço Nacional de Saúde (SNS), mas de reduzir a sua capacidade para transferir a prestação desses cuidados para os grupos privados na área da saúde”, criticou.
A par da saúde, Paula Santos salientou que o PCP irá também abordar a questão da habitação, num contexto em que o Banco Central Europeu (BCE) já subiu oito vezes as taxas de juro, o que, para a deputada, está a ser “absolutamente insuportável e um inferno para as famílias”, devido ao aumento dos créditos à habitação.
“A questão é se o Governo vai continuar de braços caídos relativamente a esta situação e se não vai ter nenhuma intervenção para travar este caminho”, referiu, acrescentando que é também necessário “travar o aumento de rendas”.
Em todas estas matérias, Paula Santos salientou que o PCP apresentou propostas, que foram chumbadas na Assembleia da República, o que considerou mostrar “a cumplicidade” do PS, PSD, Chega e IL com “os interesses dos grupos económicos”.
Questionada se ainda tem esperança de ver algumas destas propostas aprovadas, Paula Santos respondeu que “o caminho que o Governo está a seguir está a demonstrar que não dá resposta aos problemas”.
“Não se pode continuar a ignorar a situação em que vivemos”, frisou.