08 jul, 2023 - 19:54 • Lusa
O secretário-geral do Partido Comunista Português (PCP), Paulo Raimundo, defendeu hoje que Portugal deve pressionar os intervenientes na guerra da Ucrânia a sentarem-se à mesa e a encontrarem uma solução, ao invés de continuar "a instigar" o conflito.
"Nós temos é uma opção do Governo português em fazer tudo o que está ao seu alcance, não para procurar a paz, mas para instigar a guerra, essa é a grande questão. O que nós precisamos é que o Estado português, até cumprindo a Constituição, se empenhe, com todos os meios que tiver, para obrigar os intervenientes na guerra a encontrarem uma solução", declarou.
No final de um comício que decorreu esta tarde em São Romão, no concelho de Seia, o líder do PCP sublinhou aos jornalistas que Portugal deveria "investir tudo" na procura da paz e pressionar para conseguir pôr "os intervenientes da guerra, a Rússia, a NATO, a União Europeia, sentados à mesa para encontrarem uma solução do conflito".
O Governo português manifestou hoje apoio à adesão da Ucrânia à NATO "quando as condições o permitirem" e defendeu que devem ser impostas mais sanções à Rússia, numa declaração conjunta divulgada após uma conversa telefónica entre o primeiro-ministro António Costa e o Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
"Nesses minutos do telefonema e enquanto chegaram a esse acordo, centenas de pessoas continuaram a morrer na Ucrânia devido à guerra que está em curso", criticou o secretário-geral comunista.
Destacou que "não há uma única iniciativa, de nenhum país da União Europeia, tirando o estado do Vaticano, no sentido da procura da paz. É só na procura de soluções para mais guerra, o que quer dizer mais destruição, mais mortes, mais sanções e as consequências estão à vista das pessoas".
Em São Romão, distrito da Guarda, o secretário-geral do PCP discursou perante meia centena de pessoas, deixando a promessa de estar a juntar "gente boa e honesta" para construir "um Portugal a que todos têm direito".
"Um país ao serviço de cada um" e não ao serviço dos grandes grupos económicos, com quem o atual Governo está "alinhado como os astros", ilustrou.
Na sua intervenção, acusou ainda "a política de direita" de fomentar a precariedade e os horários desregulados, dificultando a conciliação entre a vida familiar e profissional.
"Veja-se as recentes medidas que o Governo avançou sobre as creches, tudo ao contrário daquilo que devia ser para os trabalhadores, mas tudo ao encontro das vontades do patronato. O Governo quer desregular as creches, para corresponder à desregulada, instável e precária vida que levamos, com os impossíveis horários de trabalho que atravessamos".
No seu entender, impõe-se um caminho que regule horários e diminua a jornada de trabalho.
"Dar mais tempo, dar mais estabilidade, dar mais salários às famílias, para que possam acompanhar o desenvolvimento e crescimento dos seus filhos", concluiu.