28 jul, 2023 - 14:20 • Lusa
As propostas que o Governo apresentou aos sindicatos, no âmbito das negociações que decorrem desde 2022, representa um aumento de 24% da massa salarial dos médicos do Serviço Nacional de Saúde (SNS), adiantou esta sexta-feira o Ministério da Saúde.
“Globalmente, a proposta do Governo significa um aumento de 24% da massa salarial dos médicos do SNS”, refere a síntese das propostas enviadas na quinta-feira ao Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e à Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e que a agência Lusa teve hoje acesso.
No caso dos hospitais, o documento do Ministério privilegia a dedicação plena prevista no novo Estatuto do SNS, que será aplicada a todos os médicos que integram os Centros de Responsabilidade Integrados, sendo ainda permitida a adesão individual a esse regime a todos os médicos que o pretendam.
De acordo com o Ministério de Manuel Pizarro, os médicos que integrarem a dedicação plena terão um horário de 35 horas semanais, a que acrescem mais cinco horas de trabalho por semana, e um aumento salarial que corresponde a dois níveis remuneratórios, a que acresce um suplemento previsto nesse novo regime de 20%.
“Daqui resulta um aumento salarial de 24,7%, mantendo o atual horário de trabalho de 40 horas semanais”, garante ainda o Ministério, ao avançar que os médicos em dedicação plena terão um novo acréscimo de um nível remuneratório em janeiro de 2024 e um outro em janeiro de 2025.
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A remuneração dos médicos em dedicação plena terá um aumento superior em 30% em relação à remuneração atual no período de dois anos, indica a síntese da proposta.
Já quanto aos cuidados de saúde primários, a proposta governamental prevê que os médicos integrados em Unidades de Saúde Familiar (USF) sejam considerados como estando no regime de dedicação plena.
O Governo já tinha adiantado à Lusa que todas as USF passarão a ter um regime de remuneração dos profissionais de saúde associado ao seu desempenho, à semelhança do que está atualmente em vigor para as unidades modelo B.
Na prática, a proposta do Governo representa um “aumento de remuneração até 10% para os médicos já integrados nas USF modelo B e um aumento de cerca de 60% para os médicos das USF modelo A ou das Unidades de Cuidados de Saúde Personalizados (UCSP) que transitem para modelo B”, refere o documento.
Estes médicos passam a receber um suplemento pelo alargamento da lista de utentes e incentivos relacionados com o desempenho.
Ainda nos cuidados de saúde primários, nos casos em que não seja possível integrar de imediato uma USF modelo B, será aceite a adesão individual ao regime de dedicação plena com acréscimo remuneratório de pelo menos 20%, indexado ao alargamento da lista de utentes.
Greve dos médicos
SIM defende que, “a bem do bom senso”, proposta de(...)
No que se refere aos aos médicos internos, são propostos aumentos de 3% para os internos de formação geral, de 4,75% para os médicos nos três primeiros anos do internato de formação específica e 7% para os médicos a partir do quarto ano da especialidade.
Os médicos que não pretendam transitar para o regime de dedicação plena, ou integrar uma USF ou CRI, terão, de acordo com a proposta do Ministério, um aumento remuneratório imediato médio de 1,8%, a que se somam os aumentos salariais para a Administração Pública de 2% ao ano até 2026.
Esta proposta já mereceu a discordância do SIM, que considera que “não faz sentido nenhum” um aumento de salário de 1,8% para a generalidade das carreiras e que o novo regime de dedicação plena implica “condições altamente penosas” para os médicos por prever um limite de 300 horas extraordinárias anuais.
Também a FNAM considerou a proposta do Governo "totalmente inaceitável”, uma vez que representa uma “escravatura do trabalho dos médicos”, e confirmou a greve marcada para 01 e 02 de agosto.
Segundo adiantou o Ministério da Saúde à Lusa, hoje ficaram agendadas duas reuniões para 09 de agosto, uma focada no decreto-lei que permitirá a generalização das USF modelo B e outra da mesa negocial.
O protocolo negocial assinado em 2022 entre os sindicatos e o Governo previa inicialmente que as negociações ficassem concluídas até final de junho, mas, com a reunião realizada hoje, já foram realizados mais quatro encontros desde então.