28 ago, 2023 - 13:22 • João Carlos Malta
Santana Lopes, que há uma semana disse estar disponível para uma eventual candidatura a Belém em 2026, está convencido de que foi ele o responsável pelo anúncio de Luís Marques Mendes, na SIC, de que também está disponível para se candidatar à presidência da República.
“Como alguém dizia ontem no Twitter, eu agitei águas há uma semana, porque disse algo do mesmo tipo na SIC, e uma semana depois, uns dias depois, veio esse anúncio do comentador Luís Marques Mendes”, afirma à Renascença.
Santana diz que esta era uma notícia já aguardada. “Era algo já esperado, todos nós já esperávamos, aquelas tentativas dominicais de uma receita que já se conhece: sugerir livros, enviar saudações para todo o país e para todo o mundo, com todo o respeito, mesmo para os vencedores do torneio da petanca, lá numa terra mais recôndita do país.”
O Pedro ainda agita águas...
— Carlos Paz (@carlos_jb_paz) August 27, 2023
(@PSantanaLopes )https://t.co/DLKykg5ooa
“Estou a ironizar, a brincar num tom ligeiro, mas claro que o assunto é sério. Trata-se de pré-candidaturas à presidência da República”, enfatiza.
No domingo, Marques Mendes, no seu habitual espaço de comentário no jornal da noite da SIC, disse ao país: "Se eu vir que tem alguma utilidade uma candidatura minha, e que tenho o mínimo de condições para o concretizar, sou franco: tomarei essa decisão."
Questionado por Clara de Sousa sobre se o regresso do comentador e ex-líder do PSD à Festa do Pontal, que marca a rentrée política do partido, significaria um futuro apoio de Luís Montenegro a uma candidatura sua a Presidente da República, Marques Mendes foi perentório:
"Nunca na minha vida falei com Luís Montenegro sobre eleições presidenciais, não há nada a falar, não há qualquer acordo."
No entanto, o antigo presidente do PSD quis acresc(...)
Santana reforça que esta era uma situação em que “a pescada antes de o ser já o era”.
“Já todos sabíamos que ele tinha esse propósito, essa intenção, passe a presunção, julgo que agora foi também provocado um pouco pelo facto de eu o ter dito”, repetiu. “Ele quis dizer o mesmo [agora], quando tinha dito há umas semanas que ele e a doutora Ana Gomes só para o ano falariam de presidenciais”, recorda.
“Portanto, teve de acelerar o passo. Mas isso acontece-nos frequentemente na política. Acontece-nos a todos.”
Em relação a outras possíveis candidaturas no espectro do centro-direita português, Santana diz acreditar que Paulo Portas avance, mas não crê que Durão Barroso o faça. “Paulo Portas sim, o outro [Durão Barroso] não creio de todo.”
Vaticina que a exemplo do que já acontece, por exemplo, em França possam aparecer várias candidaturas de centro-direita, “cinco ou seis candidatos representativos que possam disputar a passagem à segunda volta”.
O antigo primeiro-ministro considera que, daqui a quatro anos, várias candidaturas podem ser melhores do que só uma que agregue a família política em que se inserem. “Nunca gostei de candidaturas únicas”, esclarece.
“Acho que na primeira volta se discutem as várias opções e o povo escolhe”, defende. Ao mesmo tempo, acredita Santana Lopes, “o fantasma de um candidato único de esquerda que vence na primeira volta” não vai concretizar-se.
“Alguns candidatos [de centro-direita] terão capacidade de conquistar votos à esquerda, e, portanto, impedir mesmo que só haja um candidato de esquerda que tenha a maioria à primeira volta”, prognostica, acreditando que em 2026 haverá duas voltas na corrida para Belém.
No fim da semana em que Santana Lopes renovou sinais de ambição presidencial, Marques Mendes anunciou idêntica disponibilidade. Aposto que, nas redes sociais, vai "cair-lhe tudo em cima". Pelo que o conheço, creio que é para o lado onde ele dorme melhor.
— Francisco Seixas da Costa (@seixasdacosta) August 27, 2023
Santana diz que as próximas eleições para Presidente da República vão ser muito exigentes, porque escolher o sucessor de um Presidente como Marcelo Rebelo de Sousa, “quer se queira, quer não, marca um tempo completamente novo no sistema de governo português e em relação ao papel do Presidente”.
“Um Presidente muito próximo do povo, inteligente, sabedor e com capacidade, sabendo estar em todos os areópagos nacionais e internacionais”, descreve.
Marcelo, segundo o ex-líder do PSD, pautou-se por ser “um Presidente amigo do povo”, e isso “é algo muito importante”, porque marca o fim de uma era de “presidentes pomposos, distantes do povo”.
Em relação aos possíveis adversários, entre os quais estão Marques Mendes, Paulo Portas e Durão Barroso, confessa que nenhum destes nomes levaria Santana a recuar.
Santana Lopes a acelerar a apresentação de candidatos à presidência da República. Santana terá muitos defeitos , mas tem o condão de fazer mexer as águas https://t.co/HHRmYicck4
— Pedro Marques Lopes (@pedroml) August 27, 2023
“Nunca, pelo contrário, mobilizar-me-iam e reforçariam a minha vontade, porque são bons adversários, não têm o mesmo percurso que eu nas características, nem sequer as mesmas ideias que eu tenho do que deve ser o futuro do país”, sublinha.
“E eu falo por aquilo que cada um demonstrou até hoje. Tenho muita obra no terreno, muita experiência concreta de ligação às populações e vários setores na cultura, no desporto, nas autarquias, no governo central, algo que falta, como é sabido, por exemplo, a esses dois candidatos [Paulo Portas e Durão Barroso]”, compara-se.
O único que faria Santana Lopes repensar a vontade de ser candidato a Presidente da República seria Pedro Passos Coelho.
“Não posso deixar de referir o nome dele por uma questão de respeito. É uma pessoa com muita obra feita, muito trabalho feito, muito respeitado e, portanto, se fosse candidato, provavelmente alguns de nós sentir-se-iam bem representados por uma candidatura dele”, confessa.
Executivo liderado pelo ex-primeiro-ministro gover(...)
“Concorrer contra ele não seria um cenário previsível, a não ser que nos distanciássemos por alguma causa importante”, revela.
Em relação à possibilidade de Pedro Passos Coelho avançar, Santana interpreta as conversas que tem mantido com o ex-primeiro-ministro no sentido de este não ter essa vontade, apesar de ressalvar que o mesmo nunca assumiu taxativamente que não quer ser Presidente da República.