18 set, 2023 - 21:24 • Lusa
O secretário-geral do PCP defendeu hoje que os portugueses "já não aguentam mais" a subida dos preços, voltando a pedir que se aumentem os salários e acusando o PS e a direita de favorecerem os grupos económicos.
Num discurso na sessão pública "Aumento geral dos salários, reformas e pensões, resposta necessária", organizada pelo PCP em Lisboa, Paulo Raimundo defendeu que o aumento dos rendimentos é a "medida que se impõe hoje".
"Já não aguentamos mais o aumento das taxas de juro, do custo de vida, já não aguentamos a propaganda com que nos confrontamos todos os dias. Nós vivemos em dois países: o país da propaganda e o país da realidade dura de vida de cada um de nós", afirmou Paulo Raimundo.
Para o secretário-geral do PCP, "não é aceitável que as chamadas contas certas e os ditos bons resultados económicos sejam sempre [alcançados] à custa das dificuldades, dos sacrifícios, da austeridade sobre quem trabalha".
"É preciso dizer basta e é preciso dizer basta impondo a questão fundamental que se coloca neste momento, que é o aumento geral e significativo dos salários: é a bem da vida coletiva de cada um de nós", sustentou.
Segundo Paulo Raimundo, esse aumento é a medida "mais estruturante e determinante para a melhoria das condições de vida, para a evolução da situação económica, para fixar e atrair profissionais, para estimular o mercado interno, (...) para combater a falta mão-de-obra, a emigração como única saída, as injustiças e desigualdades, para garantir o salto qualitativo de que o país precisa".
Observatório de Preços
Observatório dos Preços, agora lançado, mostra evo(...)
Neste contexto, Paulo Raimundo afirmou que o PCP vai acompanhar e bater-se pelo aumento dos salários "em 15% e de, pelo menos, 150 euros para todos os trabalhadores", tal como tem sido reivindicado pela CGTP.
O líder comunista recordou também que o PCP apresentou um projeto de lei na Assembleia da República para que o salário mínimo nacional seja fixado nos 910 euros a partir de 01 de janeiro e que atinja os mil euros ao longo de 2024.
Reforçando que é através do aumento dos salários que se conseguirá "elevar as condições de vida (...) de milhões de pessoas", Paulo Raimundo questionou quem é que "tenta impedir, travar ou atrasar esta importante medida".
"Sabemo-lo bem: são as opções políticas de fundo do PS, PSD, Chega, IL e CDS", criticou Paulo Raimundo, lamentando que, em propostas como a redução de impostos para os trabalhadores, aqueles partidos se juntem para "defender os grupos económicos".
Habitação
Depois de a presidente do BCE ter anunciado novo a(...)
"Bem podem gritar, gesticular, fingir indignação uns com os outros, até podem chorar lágrimas de crocodilo pelos baixos salários, a verdade é que, chegada a hora da verdade, e quando necessário, todos eles se juntam para barrar o caminho às medidas em prol dos trabalhadores", acusou.
O dirigente comunista considerou que "são os grupos económicos que estão a ganhar verdadeiramente com a atual situação" e que estão a "sentir os efeitos dos bons indicadores e se estão a encher à conta das contas certas".
Perante este cenário, o secretário-geral do PCP apelou à mobilização dos trabalhadores para forçar o executivo a tomar "medidas urgentes e necessárias", argumentando que foi a luta que fez o Governo tomar algumas medidas, ainda que insuficientes, para responder ao aumento do custo de vida.