02 out, 2023 - 13:14 • Lusa
A ministra da Defesa confirmou esta segunda-feira que existem “quase três dezenas” de inspeções em curso no Ministério que tutela e considerou serem “calúnias” as acusações do ex-responsável financeiro Paulo Branco, avisando que “não vale tudo”.
“Há mais de duas dezenas, quase três dezenas, de inspeções em curso, foram pedidas auditorias, mas eu gostava de sublinhar que para além desse esforço de fiscalização que está em curso, o que temos que fazer é sensibilizar e formar as pessoas para uma cultura que preveja, antecipe, dificulte as práticas ilícitas e a corrupção”, afirmou Helena Carreiras, em Matosinhos, no distrito do Porto.
Segundo explicou, algumas daquelas inspeções foram pedidas por ela: “Fui anunciando, de resto, ao longo do último ano o reforço de um conjunto de inspeções, algumas delas são inspeções habituais da Inspeção Nacional da Defesa Nacional, outras foram pedidas por mim explicitamente para podermos dar mais transparência e conhecer melhor aquilo que se passa e sobretudo prevenir situações que aconteceram no passado voltem a acontecer”.
Segundo noticia o Diário de Notícias, que cita o gabinete de Helena Carreiras, 17 daquelas 29 inspeções são "relacionadas com empreitadas de obras públicas, contratação pública, fluxos financeiros e sistemas de controlo interno, execução da Lei de Infraestruturas Militares e da Lei de Programação Militar”.
Novamente confrontada com as declarações ao Expresso do ex-diretor de Serviços de Gestão Financeira do Ministério da Defesa Nacional, acusado de corrupção e branqueamento na operação Tempestade Perfeita, de que aquele ministério financiou “ao longo dos anos” as investigações académicas de Helena Carreiras para que a investigadora desse um “carimbo científico” aos dados recolhidos pela Direção-Geral do Ministério da Defesa, Helena Carreiras refutou aquelas acusações.
“São calúnias, são acusações absolutamente infundadas (…) “Não podemos deixar-nos intimidar nem permitir que acusações como esta, de pessoas que estão acusadas de corrupção e que numa estratégia reconhecida procuram sujar e alancar suspeitas sobre outros vinguem”, disse.
“Não vale tudo e, portanto, temos que combater esse tipo de afirmações com os factos”, concluiu.
As declarações de Paulo Branco, de acordo com o Expresso, foram prestadas em julho perante a procuradora do Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa, tendo Paulo Branco desvalorizado os trabalhos da catedrática, que estudou sociologia militar mais de 20 anos.
Segundo o Expresso, no site do ISCTE estão dois estudos financiados pela Direção-Geral de Recursos de Defesa Nacional (DGRDN) e um pelo Ministério da Defesa, que foram coordenados por Helena Carreiras, com o valor total de 20,4 mil euros, dos quais 10,8 mil euros foram para remunerar a investigadora.