20 out, 2023 - 14:34 • Manuela Pires
O líder do PSD voltou esta tarde a criticar o aumento do IUC no próximo ano, previsto na proposta do orçamento do estado acusando o governo de estar a “castigar os mais castigados”. Numa conferência do grupo do partido popular europeu sobre o mercado europeu de eletricidade, Luis Montenegro referiu que é preciso fomentar práticas que sejam mais amigas do ambiente, mas isso não pode significar “castigar” a população mais vulnerável.
“Uma coisa é nós estimularmos os produtores da indústria automóvel e os seus utilizadores a terem práticas que sejam mais amigas do ambiente, outra coisa é nós castigarmos aqueles que não têm meios para obter determinados bens, impondo-lhes um pagamento adicional de impostos, com aumentos que podem ir até 400%, relativamente a uma situação que decorre da sua própria vulnerabilidade. Isto é castigar que já está castigado” disse o líder do PSD no encerramento da conferência.
No discurso sobre o tema da conferência, o mercado de eletricidade Luis Montenegro deixou ainda outros alertas do que está a acontecer no país, nomeadamente o agravamento da dívida tarifária no próximo ano.
“Corresponde ao maior aumento da última década e representa objetivamente uma inversão da tendência de redução deste défice tarifário, que vinha sendo encetada nos últimos anos. E a ERSE tomou uma decisão que para nós é difícil compreender para um regulador independente” disse Luis Montenegro antevendo que vão ser os consumidores que vão pagar este aumento da dívida tarifária.
Uma situação que levou já o PSD a pedir a audição parlamentar da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) sobre a previsão de agravamento da dívida tarifária em 2024.
Para os sociais-democratas, “há um conjunto de riscos que não podem ser ignorados pelo que as medidas anunciadas devem ser devidamente explicadas, sobretudo no que diz respeito ao agravamento de custos a médio prazo com os juros da dívida”.
No discurso que encerrou a conferência do grupo do partido popular europeu, o líder do PSD avisou ainda que há sinais de que o governo se preparar para voltar a uma prática antiga das rendas garantidas e que esse não é, para Luis Montenegro, o caminho para a transição energética.
“ Há sinais claros que o governo de que o governo está a voltar à prática de garantir rendas e isso não é a estratégia que interessa ao país, não é um caminho sustentável para termos uma verdadeira transição energética” avisou Luis Montenegro.