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Santos Silva: seria “uma nódoa” no currículo ser considerado presidente de deputados do Chega

20 out, 2023 - 12:58 • Lusa

Tensão no hemiciclo, com o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, a acusar Santos Silva de “não despir a camisola do PS” e de ter desrespeitado a deputada Rita Matias.

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O presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, disse esta sexta-feira que caso o Chega o considerasse presidente dos seus deputados, seria “uma nódoa” no seu currículo, depois de os representantes do partido voltarem a utilizar a fórmula “presidente de algumas bancadas”.

Durante um debate em plenário, a deputada do Chega Rita Matias pediu para fazer uma interpelação à mesa sobre a condução dos trabalhos, tendo Augusto Santos Silva frisado que só a poderia fazer caso utilizasse a fórmula “senhor presidente” ou “senhor presidente da Assembleia da República”, e não “senhor presidente de algumas bancadas”, como o Grupo Parlamentar do Chega tem feito recentemente.

“Nestes termos, não vou fazer a minha intervenção porque não admito ser censurada”, respondeu Rita Matias.

A situação gerou tensão no hemiciclo, com o líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, a acusar Santos Silva de “não despir a camisola do PS” e de ter desrespeitado Rita Matias, reiterando que o seu partido não o considera seu presidente.

Na resposta, Santos Silva disse que foi eleito com o voto de 156 deputados e é “presidente de todas e todos os deputados, incluindo os deputados do Chega” e, perante todos, cumpre as suas obrigações.

No entanto, no que se refere à expressão “presidente de algumas bancadas”, Santos Silva pediu aos deputados do Chega para “não se acanharem”, salientando que o partido tem cartazes no país, e alguns no parlamento, que sugerem “a eliminação física dos seus adversários políticos” e André Ventura referiu-se, num artigo, à República como um “bordel de patifaria”.

“Imagine o que era essa bancada considerar-me a mim seu presidente. Que nódoa seria no meu currículo”, disse.

Este momento de tensão gerou-se depois de a deputada única do PAN, Inês Sousa Real, ter considerado que o presidente da Assembleia da República deveria ter interrompido uma intervenção de Rita Matias durante um debate sobre duas propostas de lei do Governo na área do desporto, defendendo que o conteúdo do discurso da deputada não se enquadrava no tema do debate, e continha mensagens xenófobas e homofóbicas.

Nessa intervenção, Rita Matias tinha começado por abordar a fuga de cidadãos de países comunistas para o Ocidente na segunda metade do século XXI, argumentando que, perante o “fracasso” do modelo comunista, os “académicos marxistas” tentavam agora “derrotar o Ocidente” através da cultura.

Depois, tinha abordado a participação de atletas internacionais transgénero em competições, alegando que adulterava os resultados desportivos e “humilhava e prejudicava as mulheres”, acusando depois o Governo de estar a abrir a “porta ao assédio e violação” nas escolas através de balneários mistos.

Respondendo a Inês Sousa Real, Augusto Santos Silva disse que não tinha utilizado a sua prerrogativa de interromper a intervenção de Rita Matias por confessar “humildemente a sua incapacidade de seguir o raciocínio expresso”.

“O que foi dito excede em tanto a minha incapacidade intelectual, afetiva, emocional, de acompanhar um argumento qualquer que ele seja, que eu me limitei a esperar que o relógio passasse e o orador em questão finalmente se calasse”, disse.

Já no encerramento do debate, o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia, considerou que a intervenção de Rita Matias foi “incapaz de citar casos ocorridos em Portugal” e, citando casos internacionais, construiu uma “fabulação sobre o desporto português, lançando anátemas que o setor rejeita”.

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  • José J C Cruz Pinto
    20 out, 2023 ÍLHAVO 16:06
    Discordo em absoluto da postura e atitude do Presidente da Assembleia da República. O que deveria ter feito (há bem mais tempo, i.e. logo desde o início) era imediatamente mandar expulsar da sala toda a cambada do "Dito-Cujo Partida da Vergonha Transbordante", assim que se desse a primeira recusa colectiva em se lhe dirigirem como "Presidente da Assembleia da República", sem mais qualificativos. E que fossem todos encherem-se de moscas (eles, do "Dito-Cujo", claro) e espernear para o meio da rua (desde que não atranvacassem o trânsito).

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