08 nov, 2023 - 23:35 • João Malheiro com Lusa
Já se sabe o nome da operação que levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa. Segundo a SIC, chama-se "Influencer". Esta quarta-feira conheceram-se mais dados do caso que já resultou em sete arguidos.
A operação do MP, com o apoio da Autoridade Tributária e da PSP, assentou em pelo menos 42 buscas em diversos locais e levou às detenções de Lacerda Machado, Vítor Escária, Nuno Mascarenhas, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, tendo sido constituídos arguidos João Galamba e Nuno Lacasta. Os cinco detidos foram presentes a juiz esta tarde para primeiro interrogatório judicial.
Segundo a estação de televisão SIC, foram apreendidos 75,8 mil euros em numerário no gabinete de Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro, António Costa.
Esta quarta-feira, o "Observador" refere que António Costa está envolvido em mais de 20 escutas telefónicas, que constam nos autos da operação.
Escária foi o principal assessor económico de José(...)
As escutas são um dos principais meios de prova que fazem parte da certidão enviada pelo DCIAP ao Ministério Público e foram validadas por dois presidente do Supremo Tribunal de Justiça.
Segundo o jornal online, as escutas registaram-se entre novembro de 2020 e este ano e incidiram sobre Vítor Escária, Diogo Lacerda Machado e João Galamba.
Ao "Observador", António Costa diz desconhecer o conteúdo das escutas e negou suspeitar que qualquer membro do Governo estivesse sob escuta.
Já o jornal "Público" refere que João Galamba é suspeito de ter apresentado ao Conselho de Ministros diplomas elaborados por advogados da empresa Start Campus. O ministro das Infraestruturas é um dos arguidos no caso do lítio, hidrogénio e dados que levaram à demissão do primeiro-ministro, António Costa.
Amigo de António Costa desde os tempos da Faculdad(...)
O Ministério Público suspeita que Galamba terá apresentado documentos que favoreciam o projeto da empresa, nomeadamente a criação de um data center em Sines, enquanto era secretário de Estado da Energia e ministro das Infraestruturas, indica o diário.
O advogado e consultor Diogo Lacerda Machado terá usado a sua amizade com o primeiro-ministro, António Costa, para influenciar decisões do Governo e de outras entidades relativamente a projetos da sociedade Start Campus, segundo o Ministério Público (MP).
Segundo documentos a que a Lusa teve acesso esta quarta-feira, além da amizade com o primeiro-ministro - que apresentou na terça-feira a demissão, após se saber que era alvo de inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça, ligado a este caso dos negócios do lítio, hidrogénio verde e um ‘data center’ – Lacerda Machado tinha ainda uma relação de proximidade com Vítor Escária, através de quem terá alegadamente facilitado o acesso dos administradores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, a membros do Governo.
Contrato em Montalegre foi feito com uma empresa c(...)
Lacerda Machado - que foi detido na sequência da operação do Departamento Central de Investigação e Ação Penal - passou a trabalhar desde o final de 2020 como consultor da Pionneer Point Partners e depois da Start Campus, auferindo cerca de 6.500 euros mensais pelo menos desde 2022. E terá sido pela sua conhecida relação de grande proximidade com o primeiro-ministro que o consultor poderia influenciar a imagem dos diferentes intervenientes junto de António Costa.
De acordo com o MP, Vítor Escária terá aceitado os pedidos de Lacerda Machado para intervir junto do Governo e de outras entidades nas questões que envolviam a sociedade de Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, que passaram a ter um acesso direto e regular a João Galamba.
Estes contactos foram materializados em reuniões formais, em almoços e jantares privados – que foram por duas vezes pagos ao ministro, em aparente violação do Código de Conduta do Governo - e ainda em conversas via Whatsapp.
Os procuradores indicaram ainda que o ex-governant(...)
O ex-ministro do Ambiente João Pedro Matos Fernandes é suspeito de corrupção passiva e prevaricação no caso do lítio e hidrogénio, com o Ministério Público (MP) a apontar suspeitas à sua atuação relativamente ao consórcio H2 Sines.
Segundo a indiciação do Ministério Público (MP), a que a Lusa teve acesso, Matos Fernandes, que não foi constituído arguido, terá no ano 2020 - em conjunto com o ministro das Infraestruturas e então secretário de Estado da Energia, João Galamba - imposto ao Resilient Group a integração das empresas REN, EDP e Galp no seu projeto de hidrogénio verde designado Green Flamingo.
Em julho desse ano, João Galamba, que já é arguido no processo, acaba por afastar o Resilient Group, sob o argumento de que se identificaria com o consórcio H2 Sines, assente na REN, EDP e Galp. A estas empresas juntaram-se depois a empresa portuguesa Martifer e a dinamarquesa Vestas, sendo que o MP considera indiciado que Matos Fernandes colaborou após deixar o Governo com a Copenhagen Infrastructures Partner, na qual a Vestas investiu.
Os procuradores indicaram ainda que o ex-governante foi também entretanto contratado como consultor pela Abreu Advogados, escritório que presta assessoria jurídica à Copenhagen, e que manteve contactos considerados suspeitos com o chairman da Martifer, Carlos Martins.
O nome de Matos Fernandes surge associado também a suspeitas na concessão da exploração de lítio na mina do Barroso, no concelho de Boticas, à empresa Savannah. De acordo com os procuradores, o ex-ministro -- em ação concertada com João Galamba e Rui Oliveira Neves, então diretor da Galp (e um dos cinco detidos no âmbito desta investigação) -- terá imposto de forma indevida a entrada da petrolífera na participação da Savannah Lithium.