09 nov, 2023 - 21:22 • Ricardo Vieira
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O primeiro-ministro demissionário, António Costa, respeita a decisão do Presidente da República de dissolver o Parlamento, mas diz que "o País não merecia ser novamente chamado a eleições". As legislativas antecipadas estão marcadas para 10 de março de 2024.
Em declarações aos jornalista à entrada da sede do PS, António Costa revelou que propôs Mário Centeno para primeiro-ministro, mas Marcelo Rebelo de Sousa não aceitou. Centeno foi ministro das Finanças e é o atual governador do Banco de Portugal.
“O PS está sempre pronto para eleições e respeita a decisão do Sr. Presidente da República. Foi uma escolha do próprio porque o Conselho de Estado não se pronunciou sobre essa proposta”, começou por afirmar António Costa.
“O PS, como referencial da estabilidade no nosso país, competia-lhe apresentar uma solução alternativa que permitisse poupar ao país meses de paralisação até às eleições e que constava da solução de apresentar uma personalidade de forte experiência governativa, respeitado e admirado pela generalidade dos portugueses, com forte prestígio internacional, o que é algo muito importante nesta fase quanto ao impacto negativo que estas notícias tiveram no exterior, que foi o professor Mário Centeno”, declarou o primeiro-ministro demissionário.
António Costa adianta que o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa “entendeu que melhor do que ter uma solução estável, com um Governo forte, de qualidade, renovado, sob a liderança de Mário Centeno, optou pela realização de eleições”.
Questionado se ficou desagradado com a decisão do Presidente, de marcar eleições antecipadas, António Costa considera que "o país não merecia ir novamente a eleições num contexto em que vivemos de tanta incerteza internacional".
António Costa vai continuar no cargo de primeiro-ministro até às eleições de 10 de março e refere que o Governo está "plenamente em funções" em modelo de gestão. "Estou ao serviço do país, não recuso as missões que me são confiadas", sublinhou.
Sobre a “Operação Influencer”, que levou à demissão do primeiro-ministro, António Costa disse que o Presidente da República concordou com o seu pedido de demissão e garante que não sabia que o seu chefe de gabinete, Vítor Escária, tinha 75 mil euros em dinheiro no gabinete do Palácio de São Bento.
“Mal soube fiz aquilo que obviamente se impunha, que era demiti-lo”, declarou.
António Costa, que está a ser investigado pelo Supremo Tribunal na sequência da Operação Influencer, sobre negócios do lítio, hidrogénio e dados, garante que está de consciência tranquila.
O também líder do PS diz que não falou com a procuradora-geral da República, Lucília Gago, sobre o processo. "A única coisa que eu sei é o comunicado [do Ministério Público] e o que vou lendo na comunicação social. Parece que há uma certidão que saiu da Procuradoria para o Supremo Tribunal de Justiça, vou vendo que há umas escutas em que eu participo. Agradeço que me mantenham informado para eu saber do que estão a tratar", ironizou.
Sobre o futuro do ministro das Infraestruturas, João Galamba, que é arguido na Operação Influencer, António Costa diz que ficou de falar do assunto com o Presidente da República.
Sobre os possíveis candidatos à corrida à liderança do PS, António Costa garante que o partido tem quadros bem muito bem preparados, com grande capacidade executiva. "Quando eu olho para o líder da oposição [Luís Montenegro] e para vários dirigentes do PS, dão 10-0 em experiência e capacidade executiva, e de liderança do país relativamente ao líder da oposição", atirou.
António Costa não aponta qualquer nome favorito à sua substituição na liderança do PS. "Eu expressarei no boletim de voto a minha escolha, mas não tenho qualquer tipo de intervenção e estou certo que o PS nos seus quadros, gerações e géneros terá ótimos quadros para assumirem a liderança do PS", salientou.