12 nov, 2023 - 13:13 • Lusa
O líder da IL defendeu hoje que o país não pode estar entregue a António Costa mais cinco meses, acusando o primeiro-ministro de ter tentado "distrair as atenções" e "atirar para baixo do comboio" Lacerda Machado e Vítor Escária.
Na intervenção de abertura do Conselho Nacional da IL que decorre hoje em Lisboa, Rui Rocha dedicou boa parte da sua intervenção à atual crise política com duras críticas ao primeiro-ministro, António Costa, e à sua declaração ao país no sábado à noite.
O presidente liberal acusou António Costa de "usar a sua posição" de primeiro-ministro para fazer aquela declaração, o que demonstra que país não pode estar entregue "mais cinco meses" ao atual chefe do executivo.
Para Rui Rocha, "além de distrair atenções", o primeiro-ministro tinha outros objetivos, entre os quais "atirar para baixo do comboio" Lacerda Machado e Vitor Escária, numa tentativa de se desligar destes dois atores desta investigação.
"Havia um primeiro objetivo do primeiro-ministro e não era falar de investimento estrangeiro. Era - desculpem-se a expressão mas eu não encontro outra que descreva melhor - atirar para baixo do comboio Lacerda Machado e Escária", disse.
Na opinião do líder da IL, todos percebem que António Costa tinha que se demitir independentemente do parágrafo do comunicado do Ministério Público.
Segundo Rui Rocha, António Costa no sábado à noite "estava a falar para os investigadores, não era para os investidores", naquilo que considerou ser um "ato gravíssimo de interferência da investigação que está em curso e um desrespeito pela separação de poderes".
O primeiro-ministro afirmou no sábado à noite que o dinheiro encontrado em envelopes no escritório do seu ex-chefe de gabinete Vítor Escária lhe suscitou mágoa pela confiança traída, envergonhou-o e pediu desculpa aos portugueses.
Na mesma declaração, afirmou que um primeiro-ministro não tem amigos e frisou que o advogado Lacerda Machado nunca atuou com o seu mandato no projeto para a construção do Data Center de Sines.
O líder liberal considerou hoje que o futuro não pode ser um antigo ou um atual ministro de António Costa, referindo-se à disputa no PS entre José Luís Carneiro e o “delfim de Francisco Louçã” Pedro Nuno Santos.
O presidente do partido, Rui Rocha, considerou que o “fim do capítulo” de António Costa como primeiro-ministro é “uma enorme oportunidade para os portugueses” para o futuro.
“Como sabem perfilam-se dois candidatos aparentemente para suceder a António Costa, José Luís Carneiro e Pedro Nuno Santos. O futuro não pode ser para o país ter à frente da governação um antigo ministro e um atual ministro de António Costa”, considerou, defendendo que “o país não aguenta mais socialismo nem mais socialistas”.
Focando-se em Pedro Nuno Santos, Rui Rocha considerou que o país não pode ser aquilo que “alguém que é uma esquerda radical faria”.
“Não podemos ter um país paralisado pela ideologia, paralisado pela esquerda. Não podemos ter um delfim de Francisco Louçã à frente do país, não pode ser, não pode ser”, disse, numa referência ao fundador e ex-líder do BE.
Para a noite eleitoral de 10 de março, para quando estão marcadas as legislativas antecipadas, o líder da IL já traçou três objetivos, reiterando que o partido não integrará qualquer coligação pré-eleitoral, apresentando-se “com as suas listas, com as suas ideias e com os seus candidatos”.
Além de esperar que, olhando para trás, todas as decisões que implicam coragem tenham sido tomadas”, Rui Rocha fixa como meta que “o PS seja afastado do poder”.
“E que esse seja o primeiro dia de muitos anos em que o PS esteja afastado do poder. O PS precisa de estar muitos anos afastado do poder para se curar a si próprio de todo o problema que gerou com esta falta de dignidade no exercício de funções públicas”, enfatizou.
O terceiro objetivo dos liberais é que “nessa noite haja condições para que a solução que vem para o país seja uma solução que tem no seu núcleo a defesa de um caminho muito mais liberal para Portugal”.
“Não vale a pena afastar o PS para no dia seguinte termos mais do mesmo”, avisou.
Rui Rocha antecipou que o partido vai sofrer pressões para fazer uma coligação pré-eleitoral, já rejeitada, e que "agora vão todos falar de sistema eleitoral", recusando a justificação do Método de Hondt para este cenário.
"Nós somos a solução para o voto de muita gente", disse, explicando que se a IL perdesse agora a sua identidade e se deixasse "engolir por listas conjuntas havia muita gente que não votaria nestas eleições antecipadas".
O líder da IL também rejeitou os argumentos sobre o Método de Hondt para a derrota do PSD quando Rui Rio era líder e o PS conseguiu uma maioria absoluta.
"Rui Rio não conseguiu ganhar ao PS porque foi uma má oposição", disse.
Para combater os votos desperdiçados em cada eleição legislativa, a IL deu já entrada de uma proposta no parlamento para a criação de um círculo de compensação e, além de prometer que esta medida estará de novo no seu programa eleitoral, Rui Rocha anunciou que, apesar de já não poder ter qualquer impacto nas legislativas antecipadas, os liberais vão agendar um debate potestativo sobre este projeto ainda antes de a Assembleia da República ser dissolvida.