13 nov, 2023 - 12:47 • Marta Pedreira Mixão
O líder do PSD, Luís Montenegro, criticou o "nível de degradação institucional elevadíssimo" que se verifica com as recentes polémicas, incluindo a que envolve o governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, e defendeu que este deve avaliar se reúne condições de imparcialidade para se manter no cargo.
"Terá de fazer uma avaliação relativamente às garantias de imparcialidade e de isenção que estão subjacentes a esta função. Sei bem o que faria no lugar dele e acho que não é difícil de prever face àquilo que estou a dizer", afirmou Montenegro em Faro, onde está com a iniciativa do PSD Sentir Portugal.
"Estamos a assistir em Portugal a um nível de degradação institucional que é elevadíssimo e é preciso pôr cobro a isto", afirmou o social-democrata, apelando a todos os "responsáveis políticos das instituições do Estado" para que não agravem a situação.
O esclarecimento de Mário Centeno ocorre horas dep(...)
"Quero lançar um apelo [para] que todos os responsáveis políticos das instituições do Estado possam contribuir com sentido de responsabilidade para não agravar uma situação que já é muito grave e muito delicada", afirmou.
Luís Montenegro alertou ainda para os riscos do agravamento desta situação: "Está em causa a credibilidade externa de Portugal e a confiança das pessoas".
"O PSD dará o exemplo, não querendo prolongar esse estado de degradação. É importante que todos possam fazer uso daquilo que o Partido Socialista muitas vezes evoca, que é a ética Republicana. É preciso respeitar em Portugal a separação dos poderes, respeitar a independência e a isenção de entidades que têm a seu cargo a regulação, como é o caso do Banco de Portugal, e é preciso que se evitem situações de abuso, abuso de poder e até de poder de comunicação", disse.
"O PSD faz um apelo muito firme relativamente a todos os que têm intervenção pública para não deixarem ir ainda mais longe este estado de degradação que nós atingimos", retirou.
Em causa está uma eventual quebra de independência(...)
Sobre se o apelo era dirigido a Mário Centeno ou António Costa, Montenegro respondeu que o mesmo se "aplica a todos".
Em causa, estão as declarações de Mário Centeno que disse no domingo, em entrevista ao "Financial Times", que teria sido convidado pelo Presidente da República e pelo primeiro-ministro para liderar o Governo, após a demissão de António Costa.
Contudo, depois de Marcelo Rebelo de Sousa ter desmentido a informação, o governador do Banco de Portugal esclareceu, esta segunda-feira, que não foi convidado pelo Presidente da República para chefiar o Governo e que "nunca houve uma aceitação do cargo".
Centeno explicou, em nota publicada no site do Banco de Portugal, que foi o primeiro-ministro que o convidou a refletir sobre "as condições que poderiam permitir que assumisse o cargo de primeiro-ministro" e que "num exercício de cidadania" aceitou refletir, mas que, considerando que Marcelo decidiu optar pela dissolução da Assembleia da República, "é inequívoco" que não o "convidou para chefiar o Governo”.