13 nov, 2023 - 20:50 • Lusa
Os partidos da oposição foram esta segunda-feira unânimes ao considerar que o ministro das Infraestruturas, João Galamba, já devia ter-se demitido há mais tempo, considerando que não tinha condições para continuar no cargo.
Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, o líder parlamentar do PSD afirmou que esta demissão "peca por muito tardia", uma vez que "o ministro já não reunia condições para continuar desde os incidentes de 26 de abril", quando foi levado um computador do Ministério das Infraestruturas.
Joaquim Miranda Sarmento acusou o primeiro-ministro de ter utilizado João Galamba "para uma guerra institucional" com o Presidente da República, que "só prejudicou as instituições e o país".
Considerando que "não é compreensível" que o ministro se tenha mantido em funções depois de ser constituído arguido e das informações entretanto conhecidas, o social-democrata referiu que demonstra "o desnorte completo do Governo, de António Costa e do PS".
Questionado sobre a data das eleições legislativas antecipadas, Miranda Sarmento afirmou que "podia ser um pouco mais cedo", mas salientou que "a decisão do Presidente da República está tomada" e será respeitada pelo PSD.
Para o líder do Chega, esta demissão "era expectável e já devia ter acontecido há muito tempo".
André Ventura considerou que o ministro das Infraestruturas "ou esperou pelo fim das medidas de coação [...] ou sabia que amanhã [terça-feira] o Presidente da República ia exigir a sua demissão, e saiu antes".
Alegando que "João Galamba não está na posse de todo o seu equilíbrio" e "não tem nenhuma maturidade política, pessoal e de outro tipo", o líder do Chega apontou trata-se de "um fim de ciclo muito baixo" e "uma saída pela porta pequena".
Para a Iniciativa Liberal, a demissão do ministro das Infraestruturas "chega com seis meses de atraso". João Galamba "demite-se hoje para não ser demitido amanhã", considerou a IL.
O deputado liberal Bernardo Blanco considerou igualmente estar em causa o regular funcionamento das instituições, defendendo que "não faz qualquer sentido continuar esta espécie de teatro", com o decorrer do processo orçamental no parlamento.
O liberal apelou ao PSD que peça ao Tribunal Constitucional "para avaliar alguma proposta de lei que seja agora aprovada", defendendo que "com a demissão do Governo todas as leis caducam".
Apesar de António Costa já ter anunciado a sua demissão, o primeiro-ministro só é exonerado quando for publicado o respetivo decreto, o que Marcelo Rebelo de Sousa anunciou que iria acontecer no início de dezembro.
"É o desfecho que se esperava face ao contexto que vinha sendo criado", afirmou o deputado Bruno Dias, do PCP.
Apontando que os "problemas continuam a fazer-se sentir", o comunista pediu "respostas, soluções, mudanças rápidas" para as pastas que eram acompanhadas por Galamba, como é o caso da TAP.
Também à esquerda, Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do BE, defendeu que a saída do ministro das Infraestruturas "era incontornável".
Assinalando que esta é a segunda vez que João Galamba pede a demissão, o bloquista considerou que deveria ter sido aceite da primeira vez, pois "já não tinha há muito tempo condições para continuar como ministro".
Na mesma linha, a deputada única do PAN, Inês de Sousa Real, defendeu que a demissão de João Galamba era "mais do que inevitável" e o ministro já se devia ter demitido em abril, pois "há muito que não reúne condições" para exercer o seu cargo.
João Galamba pediu hoje a demissão do cargo de ministro das Infraestruturas, que justificou com a necessidade de assegurar tranquilidade e discrição para a sua família, e que foi aceite pelo primeiro-ministro.
Pouco depois, o Presidente da República divulgou uma nota na qual dá conta de que exonerou, com efeito imediato, o ministro das Infraestruturas e também o secretário de Estado da Economia, Pedro Cilínio, que lhe foram propostas pelo primeiro-ministro.
João Galamba foi constituído arguido no âmbito da operação "Influencer", relacionada com negócios de exploração de lítio e hidrogénio e da criação do centro de dados de Sines.