13 nov, 2023 - 18:15 • Ricardo Vieira
Pedro Nuno Santos apresentou esta segunda-feira a sua candidatura à sucessão de António Costa na liderança do Partido Socialista (PS). "Os portugueses conhecem as minhas qualidades e defeitos", declarou.
“Os acontecimentos recentes levaram António Costa a demitir-se. É neste quadro que aberto um processo eleitoral interno eu apresento a minha candidatura a secretário-geral do PS”, começou por afirmar Pedro Nuno Santos, que agradeceu o apoio a Francisco Assis, presente na cerimónia realizada na sede do PS, no Largo do Rato.
“Os portugueses e os militantes do PS conhecem-me- Conhecem as minhas qualidades e defeitos, o meu inconformismo e a minha combatividade, a minha vontade de fazer acontecer e os meus sucessos. Conhecem também os meus erros e as minhas cicatrizes, que fazem parte das nossas vidas”, sublinhou.
O antigo ministro, que se demitiu na sequência do caso da indemnização da TAP a Alexandra Reis, afirma que só os que não fazem nem decidem, e se limitam a gerir, "esses raramente cometem erros". Pedro Nuno Santos diz que quem "aprende com os erros está mais preparado para os evitar no futuro".
O candidato à liderança do PS recordou as suas origens: "Sou natural de São João da Madeira, terra com a palavra lavor no seu escudo, terra de empresários e de trabalhadores, de trabalhadores que se fizeram empresários e de empresários que voltaram a ser trabalhadores. O meu pequeno concelho existe fruto do trabalho e do esforço criativo do seu povo. Começámos por seu o principal polo da industria chapeleira do país, as pessoas deixaram de usar chapéus, e a industria entrou em crise, mas os empresários e trabalhadores não baixaram os braços e a industria chapeleira foi substituída pela indústria do calçado".
"A capacidade de criar, de cair e reerguer faz parte da identidade de ser sanjoanense e também faz parte da minha", salientou o "neto de sapateiro e filho de empresário".
Pedro Nuno Santos salientou que a concertação social e o diálogo entre trabalhadores e empresários é outra das marcas da sua terra natal.
No seu discurso de apresentação de candidatura, Pedro Nuno Santos recordou que foi um dos primeiros a apoiar António Costa. "Fi-lo em bom tempo. Tive oportunidade de trabalhar com um dos maiores políticos que conheci", salientou em relação ao primeiro-ministro demissionário.
"António Costa foi o líder que derrubou os muros entre o PS e os outros partidos da esquerda parlamentar. Após a catástrofe dos incêndios de 2017 conduziu uma reforma que produziu resultados importantes nos anos seguintes. Foi o líder que conduziu de forma exemplar o combate à crise pandémica que nos testou enquanto comunidade", assinalou.
Pedro Nuno Santos refere que estes últimos anos "não foram apenas anos de gestão de crises: a economia portuguesa cresceu acima da média europeia, colocámos o país numa trajetória sustentada da dívida pública e onde voltámos a colocar o emprego em níveis que já não tínhamos desde o início do milénio" e foram criados 600 mil postos de trabalho.
O antigo ministro das Infraestruturas alude ainda ao caso de justiça que derrubou o Governo - a Operação Influencer - para se demarcar e garantir ao mesmo tempo lutar contra a corrupção.
"Uma investigação policial ditou o fim do Governo. É um momento difícil para a nossa democracia e para o nosso partido, em particular. Não vou ignorar o quanto os acontecimentos da passada semana abalaram as instituições da República e a sua credibilidade perante os cidadãos. Sobre essa matéria entendo o seguinte: em primeiro lugar, afirmar sem margem de dúvidas que o combate à corrupção constitui uma tarefa prioritária, indeclinável, do Estado. Segundo, sublinhar a necessidade imperiosa de observância das regras do Estado de Direito democrático, como a presunção de inocência e a independência do poder judicial, declarou.
Pedro Nuno Santos considera que "a Justiça é central para o funcionamento de uma comunidade", mas sublinha que "o PS não vai passar os próximos quatro meses a discutir um processo judicial".
Num recado para o interior do partido, disse que não faz sentido falar em divisões "numa ala centrista-moderada e uma ala de esquerda e radical". "Esta discussão tem pouco sentido, alimento conflitos artificiais e apenas serve a quem combate o PS", salientou.
O candidato considera que o seu dever é preparar uma política para Portugal e apresentará as suas ideias para enfrentar os problemas que afetam os portugueses, mas aponta já três áreas prioritárias: "salários dignos" e empresas fortes e inovadoras, medidas para atacar a crise na habitação e em terceiro lugar "valorizar o território" e desenvolver o Interior.
Pedro Nuno Santos também aproveitou a apresentação da candidatura a líder do PS para atacar a direita, que "não cumpre as promessas" quando chega ao poder, acusou.
"A direita fala muito do controlo das contas públicas, mas começou o seu último mandato com uma dívida pública de 114% do PIB e acabou com 131%. A direita cortou salários e pensões quando prometeu que não o faria. A direita cortou na Saúde e na Educação quando prometeu que não o faria. Aumentou impostos quando prometeu que não o faria. É muito importante lembrar todas estas promessas que a direita não cumpriu, porque agora promete que não fará acordos com a direita populista, racista e xenófoba quando é precisamente isso que que se prepara para fazer", acusa Pedro Nuno Santos.