14 nov, 2023 - 17:42 • Marta Pedreira Mixão , José Pedro Frazão
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, apelou, esta terça-feira, à não polarização ideológica, responsabilizando os extremistas de esquerda e de direita por um "ódio que pode partir a sociedade".
“Estamos a viver momentos muito difíceis, com a guerra, em que as pessoas estão a polarizar e, portanto, a maior missão dos políticos é, exatamente, não polarizar. Eu, como presidente da Câmara, estarei sempre do lado dos políticos que não polarizam, porque polarizar hoje é criar extremos, é criar ódio”, afirmou Carlos Moedas, em declarações à Renascença à margem da visita ao “stand” da “fábrica de unicórnios” na Web Summit.
“Esse ódio é criado pelos extremos, à esquerda e à direita. É importante sabermos que hoje os extremos – sejam de esquerda, sejam de direita – estão a criar ódio e esse ódio cria nas pessoas algo que eu penso que é algo que pode partir a sociedade”, acrescentou.
Questionado pela Renascença, o autarca garantiu ainda que vai manter o mandato até o fim, após as eleições legislativas de março.
“Sem dúvida. Sou presidente da Câmara de Lisboa e tenho um grande privilégio em ser presidente da Câmara de Lisboa. Quando olho para trás e vejo, por exemplo, este projeto da ‘fábrica de unicórnios’, em que estas empresas vieram para Lisboa quando ninguém acreditava e que lançaram mais 10.000 postos de trabalho em Lisboa para uma juventude que, na minha geração tínhamos que ir para fora porque não tínhamos estas empresas em Portugal, para este talento, para esta tecnologia, para este digital. Hoje, os jovens podem ficar em Lisboa. Para mim, o mais importante da minha vida é servir os lisboetas, é isso que vou continuar a fazer”, declarou.
Carlos Moedas reafirmou ainda o apoio total a Luís Montenegro como candidato social-democrata ao cargo de primeiro-ministro.
“Apoio Luís Monteiro, que é o líder do meu partido, espero que seja o próximo primeiro-ministro de Portugal. Eu apoio-o, com todas as forças e tudo aquilo que eu puder fazer”, disse, salientando que “as coisas que estão a acontecer são graves e por isso mesmo o país vai a eleições.”
O autarca de Lisboa diz também que ninguém esperava a realização de eleições: “Há uma semana, quem nos diria que estaríamos aqui agora a falar sobre eleições? Mas, agora, é vida e, portanto, vamos fazê-lo”.
Questionado pela Renascença sobre uma eventual linha vermelha relacionada com um apoio do Chega a uma solução de poder liderada pelo PSD, Moedas disse respeitar os que votam no Chega "por revolta", mas sublinha que não governa com o partido de André Ventura.
“Não governei com o Chega em Lisboa, não estou a governar com Chega em Lisboa. Já várias vezes o repeti. Agora, há uma coisa que nós temos de saber: as pessoas hoje que votam no Chega estão revoltadas, estão revoltadas com o que se passa no país e essa é uma revolta real. E temos de respeitar essas pessoas que votam pela revolta de não aguentarem mais um país em que os políticos não se dedicam à causa pública e dedicam-se à política partidária e toda esta fricção desnecessária”, justifica.
Moedas admitiu ainda que esta crise política poderá afetar os investimentos, mas assegura que estará presente para “trazer estabilidade” e “serenidade” aos investidores.
“A crise política afeta sempre os países. O que estamos a viver afetará os investidores, mas o presidente da Câmara de Lisboa estará aqui para trazer estabilidade, para trazer aos investidores serenidade e para dizer que Lisboa é um porto seguro. Aliás, como era assim o nome Lisboa no início da criação de Lisboa, um porto seguro de estabilidade e serenidade. E eu aqui estarei como embaixador dos investidores, mas sempre de proteger os mais vulneráveis”, sublinhou o presidente da Câmara de Lisboa.