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Aeroporto. Oposição dividida entre avançar com decisão antes ou depois das Legislativas

05 dez, 2023 - 20:15 • Lusa

lcochete e Vendas Novas são as duas localizações viáveis para o novo aeroporto de Lisboa e Alcochete é a "solução com mais vantagem".

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Os partidos da oposição já reagiram ao parecer da Comissão Técnica Independente (CTI) sobre a decisão para o novo aeroporto.

Alcochete e Vendas Novas são as duas localizações viáveis para o novo aeroporto de Lisboa e Alcochete é a "solução com mais vantagem", revelou esta terça-feira a CTI, na apresentação das conclusões de um estudo pedido pelo Governo.

Os partidos dividem-se entre quem quer esperar pela próxima legislatura para tomar a decisão final e quem quer que não se perca mais tempo e se avance para a frente ainda antes das próximas Legislativas, marcadas para 10 de março.

PSD

O presidente do PSD antecipou esta terça-feira que a localização do novo aeroporto de Lisboa será "uma das primeiras decisões" de um eventual governo social-democrata e anunciou a criação de um "grupo de trabalho" interno para analisar o tema.

"Se for primeiro-ministro a partir de março, como espero, com a confiança dos portugueses, será uma das primeiras decisões que nós vamos tomar, é esta de escolher a localização do novo aeroporto e de encetar todos os procedimentos para a sua execução. Naturalmente com o desejo de que o principal partido na oposição, que antecipo que seja o PS, também possa colaborar connosco", defendeu Luís Montenegro em declarações aos jornalistas após uma reunião com o bastonário da Ordem dos Médicos, em Lisboa.

O líder social-democrata, para quem a decisão deve ser tomada pelo próximo Governo após as eleições legislativas de 10 de março, anunciou que o PSD vai criar "ainda hoje" um grupo de trabalho interno para acompanhar este "e outros projetos de infraestruturas" e que visa "dialogar com o Governo" e com os partidos da oposição, em particular com o PS.

"Para podermos estar em condições, ato imediato à instalação de um novo Governo e de uma nova Assembleia da República, de desenvolver, concretizar, levar ao terreno os objetivos de criação infraestrutural, de capacidade para servir a sociedade e a economia portuguesa, e o novo aeroporto é um desses elementos", acrescentou.

BE

O BE acusou o bloco central de "brincar com coisas sérias" e atrasar o país ao adiar decisões como a do novo aeroporto, porque, uma década depois, se chegou à "conclusão óbvia" que a melhor localização é Alcochete.

"A conclusão demonstra o que já era óbvio para dezenas de milhares de pessoas senão para o país inteiro: há um adiamento constante de decisões estratégicas e o atraso do país é o atraso à medida do bloco central", criticou, em declarações aos jornalistas, o líder parlamenta do BE, Pedro Filipe Soares, numa primeira reação ao relatório preliminar sobre a localização do novo aeroporto de Lisboa hoje apresentado.

Segundo o líder parlamentar bloquista, "o PSD empurra para a frente, o PS empurra para a frente" e mais de uma década depois se chega "à mesma conclusão que é a óbvia", ou seja, que "a melhor localização é Alcochete".

"Porque é que nós esperamos tanto tempo para fazer o óbvio? É o atraso português que advém das relações do bloco central e que mostram como muitas das vezes PS e PSD são parte do problema e não parte da solução, são parte do atraso do país e que nos impede de avançar", criticou.

Para Pedro Filipe Soares, a posição quer do primeiro-ministro, António Costa, quer do líder do PSD, Luís Montenegro, são caricatas e mostram que PS e PSD "andam a brincar com coisas sérias".

"O primeiro-ministro diz que a decisão política vai ser entregue a uma comissão técnica independente, a comissão técnica independente decide, mas depois afinal a decisão não conta para muito e entrega tudo ao próximo Governo", lamentou.

Chega

Já o presidente do Chega considerou que a decisão sobre o novo aeroporto deve ser tomada pelo próximo Governo mediante um acordo entre os quatro maiores partidos, defendendo que "quem esperou 50 anos, pode esperar três meses".

André Ventura apelou a que a decisão sobre o novo aeroporto, "seja qual for a recomendação da comissão técnica independente, fique para o próximo governo e não para o governo de António Costa".

"Quem esperou 50 anos pode esperar três meses", afirmou o líder do Chega em declarações aos jornalistas antes do arranque das jornadas parlamentares do partido, que decorrem entre hoje e quarta-feira, em Matosinhos (distrito do Porto).

O presidente do Chega considerou que "os quatro maiores partidos devem estar de acordo sobre a localização do aeroporto", sustentando que "quanto maior for o consenso à volta disto, em democracia mais positivo é".

PCP

A líder parlamentar do PCP considerou que o país já perdeu "tempo de mais" com a escolha da localização do novo aeroporto de Lisboa, defendendo que se deve avançar "o mais rapidamente possível" para a opção de Alcochete.

Em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, Paula Santos referiu que já se passaram "mais de 15 anos desde que foi feito o estudo que apontava a solução da construção do novo aeroporto de Lisboa no campo de tiro em Alcochete".

"A verdade é que, ao longo destes últimos anos, foram vários os pretextos e subterfúgios para não dar concretização à solução que defende o interesse do nosso país, (...) tudo porque se submeteram aos interesses da Vinci e não do país", criticou.

A dirigente comunista defendeu que é necessário avançar-se "o mais rapidamente possível" para a solução de Alcochete, salientando que assegura o "desenvolvimento do país, o interesse nacional, o próprio desenvolvimento da TAP" e o "hub" (plataforma giratória de voos de ligação).

A decisão "é fundamental, mas é [fundamental também] que se avance, a par da construção do novo aeroporto no campo de tiro de Alcochete, com a construção da terceira travessia do Tejo - a ponte entre o Barreiro e Lisboa - e também a construção da alta velocidade ferroviária, entre Lisboa e Porto pela margem sul do Tejo, utilizando a terceira travessia do Tejo, mas também a ligação com Espanha", disse.

IL

O presidente da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, defendeu que a decisão politica sobre a localização do novo aeroporto "só faz sentido ser tomada por um novo Governo".

"Faz sentido que a decisão seja remetida para o novo Governo. Dificilmente seria possível tomar uma posição com o governo atual, faz sentido que haja alguma prudência e seja remetida para novo Governo", disse o líder liberal aos jornalistas no final de uma visita ao hospital Garcia de Orta, em Almada. .

Rui Rocha adiantou que a Iniciativa Liberal sempre defendeu que devia haver primeiro uma posição técnica, que deve agora ser respeitada, seguindo-se o momento da politica.

"Creio que é mesmo necessário que exista um aeroporto. É necessário respeitar o que foi a posição técnica e é preciso que a política em tempo útil tome uma decisão para que não haja mais atrasos numa infraestrutura fundamental para o país", frisou.

Livre

Por sua vez, o deputado único do Livre, Rui Tavares, considerou que o relatório da CTI demonstra que o seu partido tinha razão quando defendeu que era "completamente necessário" haver uma "avaliação ambiental estratégica" para se tomar uma decisão sobre o novo aeroporto, por ter mais "coordenadas do que os estudos de impacto ambiental".

Por outro lado, Rui Tavares sublinhou também que o relatório mostra, "como o Livre sempre disse", que a opção de fazer o aeroporto em Montijo "era inviável" e uma "má solução".

"Do ponto de vista ambiental, seria trágico para uma zona que é muito sensível e, do ponto de vista do crescimento futuro, da flexibilidade que tal escolha daria ao nosso país, era uma solução com enormes deficiências", referiu.

O deputado único do Livre acrescentou ainda que a metodologia desenvolvida pela CTI dá ainda razão ao seu partido por demonstrar que a democracia portuguesa pode "crescer em maturidade, com mais instrumentos de participação pública, com consultas públicas muito participadas, como foi esta do novo aeroporto de Lisboa".

Rui Tavares acrescentou ainda que o tema do novo aeroporto será certamente um dos temas da próxima campanha eleitoral, acrescentando que as pessoas "avaliarão a forma como os políticos respeitam ou não as deliberações técnicas que a CTI realizou".

PAN

O PAN considerou que escolher Alcochete como localização do novo aeroporto seria nocivo em termos ambientais e de qualidade de vida, enquanto o Livre saudou o facto de a comissão técnica independente ter considerado o Montijo inviável.

Em declarações aos jornalistas no parlamento, a porta-voz do PAN, Inês de Sousa Real, considerou que a comissão técnica independente (CTI) não colocou "as preocupações ambientais em primeiro plano", assim como "a segurança e a qualidade de vida das pessoas".

"Desde logo, porque a solução de Alcochete nos coloca preocupações graves, quer ao nível da desarborização - os cerca de 250 mil sobreiros bem como o montado que vão ter de ser destruídos para a construção - a par do impacto do ruído para a qualidade de vida das pessoas", disse.

O PAN salientou ainda que a construção do aeroporto em Alcochete "compromete um dos maiores aquíferos de água pública do país", apelando a que haja uma "ampla participação" da população na consulta pública que se vai agora abrir.

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