06 dez, 2023 - 17:15 • Pedro Mesquita , com redação
Jamila Madeira, antiga secretária de Estado adjunta e da da Saúde, garante que desconhecia o caso das gémeas, tratadas a uma doença rara no Hospital de Santa Maria, e que não tinha acesso ao Conselho de Ministros.
“No meu gabinete nunca tivemos conhecimento de nenhum caso clínico em concreto, nem associado a essa patologia, doença, medicamento ou outro”, afirma Jamila Madeira, em declarações à Renascença.
A atual deputada socialista - que esteve no Ministério da Saúde entre outubro de 2019 e setembro de 2020 - rejeita ter contactado o Hospital de Santa Maria a pedir a marcação de uma consulta para as gémeas.
“De todo. Nunca tal se passou pelo meu gabinete”, sublinha Jamila Madeira, que só agora ouviu falar do tema através da comunicação social.
Segundo uma reportagem da TVI, a primeira consulta(...)
Foi noticiado pelo Expresso e SIC, citando um relatório, que o secretário de Estado em exercício no final de 2019 pediu ao Santa Maria para marcar uma consulta com as gémeas luso-brasileiras.
Jamila Madeira “não faz ideia” quem pediu a consulta ao hospital. “Só sei que não foi no meu gabinete nem fui eu”.
A deputada socialista refere que Lacerda Sales era o secretário de Estado na altura, mas questiona se o pedido foi feito nessa altura. Lacerda Sales já negou qualquer interferência no processo.
Seria surpreendente se houvesse um pedido ao hospital? “Eu nunca fiz, no meu gabinete nunca se passou nada do género. Não posso julgar o que era normal ou não era normal noutros gabinetes. No meu nunca ocorreu”, responde Jamila Madeira.
Nestas declarações à Renascença, a antiga secretária de Estado esclarece que não tinha assento no Conselho de Ministros e não sabe se o caso das gémeas foi tema de conversa.
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O Ministério Público confirmou em 24 de novembro que instaurou um inquérito sobre o caso de duas gémeas vindas do Brasil que foram tratadas no Hospital Santa Maria com o medicamento Zolgensma, um dos medicamentos mais caros do mundo.
Este caso foi revelado por reportagens da TVI, transmitidas desde 3 de novembro, que relatam que duas gémeas de origem brasileira, que entretanto adquiriram nacionalidade portuguesa, vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma para a atrofia muscular espinhal, o que representou um custo total de quatro milhões de euros.
A TVI tem repetido que neste caso há suspeitas de influência do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que negou qualquer interferência.
O caso está também a ser analisado pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e é objeto de uma auditoria interna no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria.