13 dez, 2023 - 17:16 • Ricardo Vieira
A antiga ministra da Saúde Marta Temido irritou-se esta quarta-feira com as perguntas dos jornalistas sobre o caso das gémeas tratadas no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.
Questionada sobre a conclusão da auditoria, divulgada pela presidente do conselho de administração do Santa Maria, Marta Temido diz que desconhece-se o teor do documento e recusou fazer comentários.
“A auditoria foi revelada hoje ao final da manhã, pela presidente do conselho de administração, que a mencionou. Acha que alguém honesto pode comentar alguma coisa sobre isso”, declarou a atual deputada socialista, aos jornalistas, no Parlamento.
Marta Temido mostra-se disponível para prestar todos os esclarecimentos, mas não comenta uma auditoria que ainda não recebeu.
“Acho que nós temos de ter muito cuidado com o serviço que estamos a prestar à democracia. A cidadã Marta Temido está disponível para responder, em todo o lado, sobre aquilo que fez no exercício das suas funções como ministra da Saúde. O resto, não posso responder neste momento e os senhores jornalistas sabem muito bem, porque têm várias fontes, o que é de lei e o que não é de lei”, sublinhou.
“Se esperam que eu vá a deslizar à vossa frente para passarem as imagens do deputado a deslizar à frente e a fugir, eu isso não farei. E não vou sair deste ponto”, declarou Marta Temido.
A auditoria interna do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, concluiu que foi a Secretaria de Estado da Saúde a fazer a referenciação para a primeira consulta da especialidade de Neuropediatria das duas gémeas luso-brasileiras. A revelação foi feita esta quarta-feira, no Parlamento, pela presidente do conselho de administração do Hospital de Santa Maria, Ana Paula Martins.
A consulta das crianças foi pedida por telefone pela Secretaria de Estado da Saúde, afirma a administradora hospitalar.
Em declarações à Renascença, na terça-feira, Lacerda Sales, antigo secretário de Estado da Saúde, garantiu que não marcou a consulta no Serviço Nacional de Saúde (SNS) para as gémeas luso-brasileiras, tratadas no Hospital de Santa Maria com um medicamento inovador, no valor de quatro milhões de euros.
"Repito aquilo que já disse. Nenhum secretário de Estado nem ninguém tem o poder para marcar uma consulta no Serviço Nacional de Saúde, nem para poder influenciar ou violar a consciência ou a autonomia de um médico e, por isso, eu não marquei essa consulta no Serviço Nacional de Saúde", declarou Lacerda Sales.