Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Rui Rio diz que a origem da crise política "é o Ministério Público, que faz o que quer, como quer"

14 dez, 2023 - 08:43 • Beatriz Pereira

O antigo líder do PSD defende a saída da procuradora-geral da República, Lucília Gago. Em entrevista ao JN, Rui Rio diz que "o Chega é o grande vencedor desta crise" e fala do caso das gémeas, considerando que ele "fragiliza bastante o chefe de Estado".

A+ / A-

Rui Rio considera que é “evidente” que a procuradora-geral da República, Lucília Gago, “deveria abandonar o cargo” depois da polémica em torno da Operação Influencer, que resultou na demissão do então primeiro-ministro António Costa.

“Tudo isto seria inaceitável num verdadeiro regime democrático. E, por isso, para mim, é evidente que deveria abandonar o cargo, mas, no Portugal contemporâneo, a sua permanência não será assim tão fora do comum”, aponta Rio.

O antigo líder do PSD acusa o Ministério Público (MP) de agir "sem indícios suficientes" para o fazer, "violando o princípio da separação de poderes ao criar uma crise no país, sem ter ainda a sua investigação em estado que o justificasse. Isto é gravíssimo".

Numa entrevista, por escrito, ao Jornal de Notícias, Rio diz acreditar que "a origem da crise é o Ministério Público, que faz o que quer e como quer, uma arrogância própria dos poderes absolutos", visto que "na prática, o primeiro-ministro foi demitido pela PGR, que não tem sequer noção do gravíssimo dano que provocou".

Rui Rio diz que "mesmo que mais tarde possam vir a ser descobertos novos factos" sobre caso Influencer, "no momento em que o [MP] fez, nunca o podia ter feito”.

"Quando em todo o Mundo se noticiou que o primeiro-ministro português se demitiu devido a suspeitas de corrupção, isto põe em causa a nossa imagem ao nível dos piores do Terceiro Mundo. É muito, muito mau", alerta o ex-líder do partido social-democrata.

Para o antigo líder do PSD, a procuradora-geral da República, Lucília Gago, "foi clara ao assumir que não se sente responsável pela demissão de Costa", mas “pior ainda, abriu um processo contra a procuradora Maria José Fernandes, que ousou corajosamente dar a sua opinião crítica sobre o funcionamento do MP.

Numa referência ao ex-ministro das Infraestruturas João Galamba, também envolvido na Operação Influencer, Rio diz ser "mais grave ainda, saber-se que o MP manteve um membro do Governo sob escuta quatro anos”.

Rui Rio considera que há "uma intenção" por trás das ações do MP, que diz notar uma "postura antipolíticos" e questiona: “Por que razão as suas ações a políticos são sempre acompanhadas pelas TV?”

"Com base num justicialismo de perfil populista, porque, da forma como as investigações são conduzidas, estas levam sempre à ideia subliminar de que na política são todos desonestos”, atira.

Caso das gémeas "fragiliza bastante o chefe de Estado"

Já sobre o polémico caso das gémeas luso-brasileiras, que adquiriram nacionalidade portuguesa e vieram a Portugal receber, em 2020, o medicamento Zolgensma, com um custo de quatro milhões de euros, Rui Rio crê que “perante os dados que vieram a público e as inefáveis explicações que foram (ou não) dadas, a maioria dos portugueses está convencida de que o Presidente da República é o primeiro responsável pela cunha que levou a um favorecimento indevido que ocorreu no principal hospital do país.

“Em democracia, isto é uma situação que fragiliza bastante o chefe do Estado, ou seja, é um assunto muitíssimo delicado", acrescenta.

O antigo líder do PSD defende o esclarecimento do caso, pois "quem apostar na ideia de que a solução pode ser a de que o tempo trará com ele o esquecimento, acho que se engana. Isso seria mais uma machadada violenta na já depauperada credibilidade das nossas instituições”.

"O Chega é o grande vencedor desta crise”

Questionado sobre o crescimento do partido Chega, que tem se mantido em terceiro lugar, com cerca de 15% das intenções de voto, Rio admite que “o crescimento do Chega é a consequência problema” de uma “crescente incapacidade que os partidos clássicos têm demonstrado para resolver a sério os problemas do país”.

Há uma “permanente obediência à conjuntura e ao imediatismo e, fundamentalmente, a crónica falta de coragem para afrontar os interesses corporativos que a própria ausência de reformas estruturais reforça”, acredita.

Rui Rio, que se recusou nesta entrevista a responder a questão relacionadas com o PSD, argumenta que "o Chega é o grande vencedor desta crise", porque "quando as sucessivas ações do MP e da comunicação social são feitas de forma a parecer que na vida política são todos corruptos e todos ladrões, estão também a fornecer o combustível necessário para o crescimento dos extremismos”.

Saiba Mais
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Junior Ferraz
    16 dez, 2023 Porto 05:58
    Esteve este tempo calado que já ninguém se lembrava e agora que devia estar calado põe-se a falar de justiça. Será que não vê que está a ajudar o PS com isto? Era o PS que estava a atacar a justiça e agora vem este a ajudar. O PSD não precisa do Rui Rio.. mantenha-se calmo no seu cantinho e não atrapalhe o Montenegro que não deveria ter gostado disso que falou.
  • Joaquim Correto
    14 dez, 2023 Paços 12:32
    O Ministério Público que faz o que quer e como quer, porque tem um poder "inquebrantável"!
  • Cidadao
    14 dez, 2023 Lisboa 10:31
    O que é que interessa a opinião deste inerte, deste pseudo-lider duma "oposição inexistente" que na realidade nunca passou dum mau chefe de fação dentro do PSD?

Destaques V+