21 dez, 2023 - 17:25 • Tomás Anjinho Chagas
O Governo acusa o Chega de se inspirar em partidos com discursos contra a imigração e fala em "vergonha".
Pela voz de Ana Catarina Mendes, ministra adjunta e dos assuntos parlamentares (que tutela a área das migrações) o executivo garantiu ter orgulho do trabalho feito nessa área.
Em fim de ciclo, o Chega agendou um debate de urgência sobre da "imigração em Portugal" e o tema acendeu todas as bancadas parlamentares, que deixaram o partido de André Ventura isolado no hemiciclo.
"Aqueles que vocês permitiram que cá pusessem os pés, que deixaram entrar sem qualquer controlo, são hoje uma ameaça para as nossas mulheres, homens e crianças. São hoje os maiores traficantes de droga da região de Lisboa", acusou André Ventura na intervenção inicial.
O presidente do Chega acredita que o executivo socialista disse aos imigrantes "mais pobres" para vir para Portugal e assinala que "muitos vivem hoje em tendas ou em estações de comboio".
Na resposta, Ana Catarina Mendes aconselhou o Chega a "não se alimentar dos seus parceiros europeus que fazem um discurso vergonhoso contra os imigrantes".
A governante acredita que a intenção do partido não são as condições em que vivem os migrantes, mas antes a "pura propaganda política".
A ministra dos Assuntos Parlamentares diz que o Governo tem "muito orgulho" na política de imigrações portuguesa e lembra que os migrantes contribuíram com 1 600 milhões de euros para a segurança social, tal como foi divulgado esta semana.
Por sua vez, o PSD fez questão de demarcar-se do discurso do Chega. A deputada Andreia Neto considera que regulação é a "palavra-chave" no tema das políticas de migração, mas distancia-se.
"Aquilo que o PSD não faz nem fará é passar a linha da decência para o lado do oportunismo", assegurou a parlamentar social-democrata, que conclui: "PSD não confunde as pessoas com discursos populistas, demagógicos e que muitas vezes incitam ao ódio".
Também a Iniciativa Liberal rejeita ter um partido de "portas fechadas", defende a liberdade de circulação de pessoas e o direito a procurar uma vida melhor.
"Portugal precisa de migrantes, e por princípios morais e económicos, a Iniciativa Liberal não aceita um país de portas fechadas", garante o deputado Bernardo Blanco.
No entanto, os liberais pedem que Portugal não tenha as portas "completamente abertas" e critica a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
À esquerda o alvo foi o partido de André Ventura. O Bloco começou por agradecer aos imigrantes por fazerem funcionar diversos setores da economia portuguesa, pela voz do líder parlamentar.
Pedro Filipe Soares acredita que o "discurso xenófobo" representa uma minoria no país.
Do lado do PCP, o deputado João Dias assinalou as condições vividas por muitos imigrantes agravadas por redes de tráfico de seres humanos.
O deputado comunista atira ainda ao Governo pelo processo de extinção do SEF que deixou "milhares de imigrantes" sem conseguir tratar das burocracias para formalizarem a sua situação em Portugal.