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Líder do PCP diz que Costa "desperdiçou dois anos" em que teve "tudo na mão"

26 dez, 2023 - 18:41 • Lusa

Paulo Raimundo defendeu que as últimas legislativas só aconteceram porque o Governo e o PS entendiam que "havia três áreas que não precisavam de investimento: a saúde, a habitação e as questões dos aumentos dos salários".

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O secretário-geral do PCP considerou insuficiente, esta terça-feira, a mensagem de Natal do primeiro-ministro, lamentando que António Costa não tenha reconhecido que "desperdiçou dois anos" com condições políticas e financeiras para melhorar a vida dos portugueses.

À margem de uma visita ao Conselho Português para os Refugiados (CPR), Paulo Raimundo foi questionado sobre a mensagem de Natal de António Costa, divulgada no domingo, na qual manifestou "confiança redobrada" nos portugueses, defendeu que deixou um país melhor ao fim de oito anos de liderança de governos socialistas, embora reconhecendo que ainda há problemas a resolver.

"Não foi suficiente, o que o primeiro-ministro reconheceu é uma evidência: há que aumentar salários, pensões, reforçar os profissionais do Serviço Nacional de Saúde ou responder aos problemas de acesso à habitação", considerou o secretário-geral do PCP.

O líder comunista lamentou que o primeiro-ministro "não tenha reconhecido um elemento importante: teve dois anos com tudo na mão, em que poderia ter feito muito mais e responder aos problemas que identificou".

"A questão central é que o PS, a maioria absoluta do Governo, com condições económicas e financeiras, desperdiçou dois anos das nossas vidas, não abriu nenhum caminho novo e só agravou caminhos velhos", criticou, considerando que "a palavra confiança, quando é usada muitas vezes, quer dizer o contrário".

Paulo Raimundo defendeu que as últimas legislativas -- em janeiro de 2022, antecipadas devido ao chumbo do Orçamento do Estado também com os votos contra do PCP -- só aconteceram porque o Governo e o PS entendiam que "havia três áreas que não precisavam de investimento: a saúde, a habitação e as questões dos aumentos dos salários".

"O primeiro-ministro fez chantagem, pressão e teve maioria absoluta, recursos, excedentes orçamentais e nenhum dos três problemas ficou resolvido, até se agravaram", exemplificou.

Por isso, o líder comunista considerou que o Governo "não merece essa confiança" de que falou António Costa, apelando ao reforço eleitoral da CDU nas próximas legislativas de 10 de março.

"Ficou acima de tudo por assumir a responsabilidade do ponto de vista político, não se pode dizer que há muita coisa por fazer como se não houvesse responsáveis", avisou.

O líder do PCP foi ainda questionado se entende que o Presidente da República se deveria demitir devido a uma alegada interferência no tratamento médico de duas gémeas -- opinião da maioria dos inquiridos numa sondagem hoje divulgada pelo Correio da Manhã -, mas considerou que o partido já comentou o caso e não existe "nenhuma novidade".

"O senhor Presidente da República não precisará de nenhuma sondagem para, se for caso disso, tirar as conclusões que entende", disse.

Perante a insistência dos jornalistas se considera que Marcelo Rebelo de Sousa deveria ter tirado outras conclusões deste caso, Paulo Raimundo respondeu: "Julgo que não, com os dados que são conhecidos, o Presidente da República tem os dados todos para decidir o que decidiu, neste caso permanecer".

No entanto, admitiu que, para que todo o caso fique esclarecido politicamente, será necessário aguardar pelos vários inquéritos ainda a decorrer.

Acompanhado pelos ex-deputados Bernardino Soares e João Oliveira -- que será cabeça de lista da CDU às eleições europeias de junho -, Paulo Raimundo visitou o Conselho Português para os Refugiados, sem a presença da comunicação social, como é habitual nestes casos.

"Viemos conhecer esta experiência extraordinária e o papel extraordinário do CRP no acolhimento dos que procuram o nosso país", disse, elogiando o "empenho e dedicação" dos técnicos desta instituição que acolhe cerca de dois mil casos por ano.

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  • Anastácio José Marti
    27 dez, 2023 Lisboa 13:16
    Se é verdade que Costa e o PS desperdiçaram dois anos de Governo, não é menos verdade que a oposição, PCP incluído, nada fizeram para que esse desperdício não fosse o que foi, sendo por isso corresponsável para com o mesmo. Nunca será assim que se ganha a confiança de qualquer cidadão que não esteja vendido ao sistema, que seja sério, responsável e intelectualmente honesto, como são a maioria dos que trabalham e continuam ainda hoje, 27/12/2023, à espera da lei que lhes permita aposentarem-se sem penalização desde que tenham 40 anos de descontos, a qual, já em 2023 foi reclamada pelo PCP, mas nunca negociada com o PS para que exista, daí que seja apenas uma boa ontenção que não passa disso mesmo. Por assim ser, apesar de não o dever ser, o país e os portugueses precisam é de atos e nunca só de palavras, pois de boas intenções está o Inferno cheio, mas continua a ter espaço suficiente para que aqueles que continuam a não fazerem o que podem e devem para solucionar os problemas dos cidadãos, um dia lá terem o seu lugar a continuarem a fingir fazerem algo em prol dos problemas dos portugueses.

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