05 jan, 2024 - 20:16 • Tomás Anjinho Chagas
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António Costa acredita que pode ter sido "derrubado", mas garante "não derrubaram o PS". O chefe de Governo demissionário acredita que Pedro Nuno Santos vai vencer as próximas eleições.
Durante o discurso feito ao 24º Congresso do PS, esta sexta-feira, o ainda primeiro-ministro começou por desejar "do fundo do coração" boa sorte ao seu sucessor, Pedro Nuno Santos.
O antigo secretário-geral do PS fala numa “ fase traumática” referindo-se aos últimos meses marcados pela sua demissão à boleia da Operação Influencer. Num tom pessoal, Costa assinala que Pedro Nuno é o primeiro secretário-geral do PS nascido depois do 25 de abril.
António Costa, que vai ficar sempre na história da política portuguesa pela criação da geringonça, assinala o momento: "Derrubámos esses muros e eles nunca mais voltarão a existir dentro da esquerda portuguesa ", deseja o ex-líder do PS.
Numa crítica a Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa afirmou que "temos um presidente que não nos deixava fazer a regionalização. Fomos até onde pudemos". Mais à frente voltou a lançar uma farpa a Belém, assinalando o diploma das ordens profissionais que foi vetado por Marcelo e novamente confirmado pela Assembleia da República.
No tema das contas certas, o antigo secretário-geral do PS subiu o tom para dizer que "o diabo não veio" tal como a direita ameaçava. Disse depois que tinha um segredo: "O diabo não veio porque o diabo é a direita".
“Há problemas? Claro que há. Mas por isso é que estamos cá, porque o PS vai resolver os problemas”, diz António Costa, numa quadra em que o país se depara com enormes constrangimentos nas urgências hospitalares.
O ex-líder socialista deixa uma promessa: "Só o PS fará melhor que o PS ”.
No tema dos incêndios, o ainda primeiro-ministro assinala a redução da área ardida, numa fase em que mencionou Eduardo Cabrita e José Luís Carneiro, antigo e atual ministros da Administração Interna.
Num momento de reflexão pessoal, António Costa afirma que “estes anos não foram os anos de António Costa, foram os anos do PS” e assegura que “foi uma honra” ter sido secretário-geral socialista.
“Governar não são só coisas boas. Sofre-se também. Mas o partido sempre me deu apoio”, relembrando a redução do défice, a pandemia, e a guerra na Ucrânia que acentuou a inflação.
Depois de agradecer a várias figuras dentro do PS, António Costa emocionou-se ao mencionar Luís Patrão, histórico dirigente socialista que morreu no ano passado. Numa tentativa de se controlar recordou bem-disposto que vem a Congressos do PS há 42 anos: “Não é altura para me emocionar”.
E mais composto assinalou a importância da sua mulher, Maria Fernanda Tadeu, de quem disse que “merecia ser militante honorária do PS”.
Antes de discursar, foi passado um vídeo de homenagem à liderança de António Costa, entre 2014 e 2023. A chegada do ex-secretário-geral do PS foi amplamente aplaudida pelos militantes socialistas.
À chegada à FIL, em Lisboa, António Costa reagiu pela primeira vez à notícia de que é suspeito de prevaricação no âmbito da operação Influencer.
Numa curta frase feita aos jornalistas, o primeiro-ministro admitiu estar "tão curioso" como todas as pessoas, e garantiu que não vai falar com a justiça através da comunicação social e assegurou que está disponível para todos os esclarecimentos.
O ainda primeiro-ministro demitiu-se do Governo depois de ter sido envolvido no âmbito da Operação Influencer, suspeito de “desbloquear processos” relacionados com o data center de Sines, segundo uma nota da PGR.
“Obviamente demito-me”, foram as palavras de António Costa no dia 7 de novembro, altura em que a notícia saiu. A manhã desse dia foi marcada por buscas em São Bento, na residência oficial do primeiro-ministro, e que culminaram na apreensão de dezenas de milhares de euros em notas no gabinete de Vitor Escária, chefe de gabinete, que acabou exonerado.
Dois dias depois o presidente da República anunciou a dissolução da Assembleia da República e a convocação de eleições antecipadas para o dia 10 de março.
Numa curta declaração, Marcelo Rebelo de Sousa justificou a decisão com cinco razões, a primeira delas o facto de a maioria absoluta conquistada pelo PS em 2022 era “personalizado” em António Costa, mas o próprio não concorda.
Poucas horas depois, o primeiro-ministro demissionário revelou publicamente que discorda da decisão do presidente da República. “O país não merecia ir a eleições”, disse António Costa aos jornalistas na altura.
Mais tarde veio-se a saber que o chefe de Governo propôs que Mário Centeno fosse o seu substituto, ideia que foi rejeitada por Marcelo Rebelo de Sousa.
De lá para cá, o PS foi a eleições internas e Pedro Nuno Santos derrotou José Luís Carneiro e Daniel Adrião na corrida interna.