06 jan, 2024 - 19:50 • Tomás Anjinho Chagas
Sem papas na língua e garantindo que este é o seu último Congresso do PS, Ascenso Simões, ex-deputado socialista, ataca o Presidente da República por ter dissolvido o Parlamento na sequência da demissão de António Costa.
Durante o 24º Congresso do Partido Socialista, que decorre este fim-de-semana na FIL, em Lisboa, o dirigente socialista defende que o país "pode estar a caminho da instabilidade sem fim".
"Estamos aqui porque temos um Presidente da República que é o maior fator de instabilidade política do nosso país", atira Ascenso Simões durante o seu discurso.
O antigo deputado acredita que "foi um erro apoiar, indiretamente, o professor Marcelo Rebelo de Sousa" nas últimas eleições presidenciais.
"Vamos passar a vida em eleições porque temos um Presidente da República que não se contém, fala todo o dia, a qualquer hora sobre tudo", condena Ascenso Simões.
Em menos de cinco minutos, o dirigente socialista - que se despediu do partido esta semana - teve ainda tempo de repreender a atuação da justiça e a forma como se relaciona com a política.
Numa altura em que os casos judiciais assombram o PS e o PSD, Ascenso Simões acredita que a crise política também é provocada por "um problema na justiça".
"Temos magistrados no Tribunal de Contas que não conseguem perceber o país, o que é a ação governativa, não conseguem perceber o que é a atividade autárquica. Levam em processo os presidentes da Câmara Municipal de Matosinhos, Portimão e Gaia", critica o antigo secretário de Estado nos Governos de José Sócrates.
Ascenso Simões, que foi diretor de campanha de António Costa e acabou por demitir-se antes das eleições de 2015, pediu a todos os dirigentes do PS que "se unam" para que os socialistas vençam as legislativas de março.