07 jan, 2024 - 10:57 • Maria João Costa
José Ribau Esteves começa por deixar claro que, para si, a Aliança Democrática (AD) que este domingo é apresentada no Porto, “é uma fórmula feliz”, na qual o “líder do partido se revê”. Crítico de Luís Montenegro, o autarca social-democrata explica, contudo, que já disse ao líder do PSD que "tem de deixar claro, na comunicação política, que o candidato a primeiro-ministro é o presidente do PSD”.
Em entrevista à Renascença, em Ílhavo, à margem da celebração dos 200 anos da Vista Alegre, o autarca de Aveiro alerta para os perigos de uma aliança com outros partidos. Ribau Esteves diz mesmo que “há risco nestas coisas das alianças” e que é “muito importante” essa afirmação de liderança.
“O líder é muito novo. Estava a pensar ser candidato a primeiro-ministro daqui a dois anos e meio e aparece-lhe esta esta situação, enfim, de forma inopinada, por uma demissão”, sublinha Ribau Esteves, que, por isso, aponta a necessidade de afirmação de Montenegro no panorama político e no contexto da aliança.
“Há muito tempo que sempre digo que estratega só pode haver um”, refere Ribau, que acrescenta que, “depois, conselheiros, cada um tem o seu grupo”. Destacando que a AD “pega em parceiros tradicionais” com uma “história de trabalho conjunto”, o social-democrata lembra que “já se fez muitas coisas depois da própria AD de Sá Carneiro e de Freitas do Amaral”.
Evocando o slogan de Montenegro, “unir Portugal”, e numa altura em que está a ser feito o “difícil” trabalho de fazer as listas de candidatos a deputados, Ribau Esteves destaca o facto da AD contar com “nomes a que se agregarão também cidadãos independentes, sem filiação partidária, alguns deles que integraram, por exemplo, governos do próprio Partido Socialista”.
Questionado sobre o que espera desta AD, cuja apresentação marca o último dia do congresso socialista, o autarca de Aveiro considera que “vai ser muito interessante uma disputa entre duas pessoas que nunca foram candidatas a primeiro-ministro”.
Na opinião de Ribau Esteves, Pedro Nuno Santos e Luís Montenegro “têm percursos de vida profundamente diferentes” e, embora sejam ambos “aveirenses, uma nota positiva para a sua competência genética e política”, terão de se debater.
Recordando que “Pedro Nuno Santos recusou debates com José Luís Carneiro e Luís Montenegro recusou debates com Jorge Moreira da Silva”, o social-democrata espera agora que “nenhum fuja” ao debate frente-a-frente.
“Seguramente esse confronto vai ser muito importante para aquela percentagem muito alta de indecisos que aparece em todas as sondagens tomar uma decisão”, indica Ribau Esteves, que classifica o Congresso do Partido Socialista como “um momento de marketing”, mas onde estão “três cabeças a trabalhar para a mesma coisa”.
No “contraponto” e para “tentar um espaço de comunicação”, diz Ribau Esteves, o PSD apostou este domingo no lançamento da AD, que decorrerá às 17h na Alfândega do Porto.