10 jan, 2024 - 12:08 • Manuela Pires
O ministro da Cultura está contra um apoio específico ao Global Media Group que integra o JN, TSF, DN e o Jogo para não desvirtuar o funcionamento do mercado.
Pedro Adão e Silva está a ser ouvido no parlamento, no dia de greve dos trabalhadores do GMG, e em resposta à deputada do PCP, Paula Santos, o ministro da cultura considera que o estado deve dar apoios de forma transversal.
"Na minha opinião, o Estado tem de ter apoios transversais à comunicação social e não apoios específicos e desenhados para este caso em particular” referiu Pedro Adão e Silva.
“Ia desvirtuar o funcionamento do mercado, porque estaríamos a premiar os infratores, se fôssemos acudir a um grupo que tem problemas em cada momento de forma específica, estaríamos manifestamente a prejudicar todos os outros grupos que respeitam as regras concorrenciais e isso corresponderia ao enviesamento do funcionamento do mercado e seria muito pernicioso” garantiu o ministro da cultura Pedro adão e Silva.
Sobre as medidas transversais e as medidas que o governo pensou para responder às dificuldades da comunicação social, o ministro apontou as medidas que foram tomadas durante a pandemia.
"Há uma aprendizagem a fazer, geraram-se polémicas, por isso é que considero que os instrumentos transversais, sem requisitos de acesso e sem métricas, soam mais eficazes e eficientes" concluiu Pedro adão e Silva.
O ministro da Cultura explicou aos deputados os contornos do negócio que estava concluído para a compra da participação da Global Media Group na Lusa no valor de 2,5 milhões de euros.
Pedro Adão e Silva confirmou que foi a falta de acordo com o PSD que levou ao fracasso do negócio. O ministro sublinhou que foi sempre informado sobre o decorrer das negociações e que só no final, e depois da GMG ter aceitado a proposta do governo, é que fez saber que estava contra o negócio e que deveria ser o próximo governo a tomar a decisão.
“Naturalmente que o PSD não deu aval, ainda houve uma conversa, o PSD foi sempre mantido a par das negociações ( …) e foi depois desse novo contato antes da concretização da operação, em que o PSD deu nota da discordância no negócio”, disse o ministro da Cultura, considerando que a atitude do PSD era “atendível” dada a situação de crise política que o país vivia e com eleições marcadas para março.
Ao mesmo tempo, o ministro acusou o PSD de fazer “um aproveitamento político” deste caso ao estar na origem da notícia que saiu poucos minutos depois da posição do PSD lhe ter sido transmitida à entrada para a reunião do Conselho de Ministros.
Adão e Silva sublinhou que este é um caso que deve ser tratado com “reserva” e revelou que apenas falou com Marco Galinha, do lado doa GMG e contactou três partidos, o PSD, o PCP e o Bloco de Esquerda.
Pedro Adão e Silva disse que em causa estava uma alteração acionista e que ia envolver um novo modelo de governação da agência. O ministro da cultura acredita que o negócio ia beneficiar todos os meios de comunicação social e seria uma forma de um apoio transversal do governo aos meios de comunicação social ao tornar o serviço da Lusa gratuito.
“Tínhamos todos ganho se esta operação já estivesse concluída, não sei se ela é possível de ser concluída no futuro. A minha opinião é que se devia concluir essa operação e, ainda mais importante, porque vejo muitas declarações de grandes compromissos e proclamações sobre apoios à comunicação social, eu acho que era fundamental que o novo governo tornasse o serviço da LUSA gratuito para todos os órgãos comunicação social”, referiu.
O ministro da Cultura diz que não sabe se haverá disponibilidade por parte da GMG para avançar com o negócio com o futuro governo e admitiu a possibilidade da Global Media, que detém 45,5 por cento da agência lusa se tornar um acionista hostil.
Adão e Silva referiu ainda aos deputados que estava já a pensar no modelo de governação que podia ser desenhado para a agência lusa tendo sempre como base o principio de separação entre a posição do estado e linha editorial da agência de noticias.
“Acho que é um exercício interessante no qual eu estava empenhado, desenhar um modelo de governação para a LUSA, perante posições hegemónicas de capitais públicos, preservar o modelo que garanta a autonomia editorial”, assegurou o ministro.