19 jan, 2024 - 20:34 • Lusa
O presidente do PSD considerou esta sexta-feira que a forma como o ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos geriu o dossiê TAP não dá aos portugueses confiança para lhe entregarem a liderança do Governo nas próximas eleições.
No final de uma reunião com o bastonário da Ordem dos Enfermeiros, Luís Montenegro foi questionado se ficou esclarecido com as explicações do secretário-geral do PS quanto à contestação jurídica da TAP ao processo da sua antiga presidente.
"Eu não podia ficar esclarecido, porque não foram dadas explicações. A cada dia se conhece mais da forma ligeira, da forma informal como se exerceram funções governativas em Portugal", considerou.
"O atual secretário-geral do PS, se teve este comportamento enquanto ministro, não me parece que esteja a dar confiança aos portugueses para que confiem nele para ser primeiro-ministro", acrescentou.
Montenegro considerou que o dossiê da TAP tem sido feito de "constantes episódios de ligeireza, até leviandade" na gestão do que é público, começando pelo que diz ser "um processo nunca fundamentado de nacionalização".
O líder do PSD recuperou o episódio da indemnização à antiga administradora Alexandra Reis, de que Pedro Nuno Santos não se recordou, inicialmente, de ter autorizado.
"Agora sabemos que há questões jurídicas relativamente ao vínculo da ex-CEO da companhia e temos o ex-titular da pasta, que decidiu, a dizer que não é jurista. Se isso quer dizer que é preciso ser jurista para gerir o país, então fica em grande desvantagem", ironizou, referindo-se à sua própria condição de advogado.
O jornal de Negócios avançou na quinta-feira que o contrato da ex-presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, previa acumulação de cargos de administradora em duas empresas, e o jornal SOL escreve hoje que Pedro Nuno Santos, à data ministro das Infraestruturas, aceitou estas condições.
O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, assumiu hoje, no Porto, toda a responsabilidade política do que se passou na TAP, dossiê que geriu enquanto ministro das Infraestruturas e vincou que o contrato foi feito com equipas jurídicas tanto da anterior CEO como da TAP.
"O contrato foi redigido por equipas jurídicas, o que quer dizer que diferentes equipas jurídicas têm interpretações também diferentes sobre o que ali foi feito e, portanto, estão todos a partir do pressuposto de que a acumulação daqueles cargos é ilegal, eu não tenho essa certeza", sublinhou.
A ex-presidente executiva da TAP foi exonerada por justa causa, em abril de 2023, no seguimento da polémica indemnização de meio milhão de euros à antiga administradora Alexandra Reis, que levou à demissão do então ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, e do seu secretário de Estado Hugo Mendes, e à constituição de uma comissão parlamentar de inquérito à gestão da companhia aérea.