21 jan, 2024 - 13:08 • João Pedro Quesado , Manuela Pires
Paulo Portas quer uma Aliança Democrática a "dar garantias a quem tenha receios" perante uma eleição "que ainda não está decidida". No discurso na Convenção por Portugal que a coligação de PSD, CDS-PP e PPM está a realizar este domingo no Estoril, o antigo líder do CDS escolheu alertar para os riscos de uma "geringonça 2.0", para a "amnésia" de Pedro Nuno Santos e para os populismos da "desordem".
Autor da alcunha "geringonça" para designar os acordos parlamentares de 2015 entre o Partido Socialista, o Bloco de Esquerda, o PCP e Os Verdes, o vice-primeiro-ministro de Passos Coelho declarou como principal missão da AD "dar garantias a quem ainda tenha receios" e "substituir o ressentimento pela esperança".
“Como já todos notamos anda por aí uma tenaz virtual a que querem submeter a coligação. No fundo esta eleição disputar-se ia entre um PS supostamente reinventado. E um populismo supostamente interessante. Essa tenaz virtual tem um único objetivo, perpetuar o Partido Socialista no poder” disse o centrista.
No discurso mais aplaudido da manhã, Portas declarou que “os dois polos beneficiam mutuamente desta tenaz virtual e é por isso que é preciso opor-nos democraticamente. A bipolarização entre dois projetos de governo e a clarificação entre continuidade ou mudança”, referiu.
Portas corrigiu ainda António Costa, a propósito da expressão "só o PS pode fazer melhor que o PS", atirando que "só o PS pode fazer pior do que o PS". E criticou o que viu no congresso socialista, no início de janeiro: "Parecem um grupo de marcianos que não viveram neste país e que não estiveram sentados no conselho de ministros nos últimos oito anos e querem apresentar-se como turistas".
"Estamos melhor ou pior do que há dois anos quando o PS recebeu a sua maioria absoluta? Está pior a saúde, a educação, a habitação, a carga fiscal, a segurança, a execução dos fundos e a contingência com que temos de executar o PRR", frisou.
O antigo governante considerou que "o PS deve ir para a oposição", e que "será bom para Portugal e para o próprio PS ter uma cura de oposição". E diz que, se Pedro Nuno Santos vencer as eleições legislativas, o governo resultante seria o "mais radicalizado desde 1976".
"Fica bastante claro o que está em causa: ou a AD ganha, ou que teremos é uma repetição da ‘geringonça’ com um primeiro-ministro inexperiente e com o BE e o PCP sentado no Conselho de Ministros", avisou Paulo Portas. "Portugal deve ter um novo governo, e esse governo deve ser um governo de mudança".
Com a mira virada para Pedro Nuno Santos, o centrista associou o novo secretário-geral socialista às decisões dos governos socialistas desde 2015. Para isso, repetiu que Pedro Nuno Santos "leu, viu, concordou", destacando os casos da TAP e dos CTT. O problema, acusou, é que "viu, sabe, estava lá".
"O PS quer vender a imagem de Pedro Nuno Santos como o político que decide. Decidir bem é muito mais importante do que decidir mal. Se como ministro revelou tantas vezes impulsividade, o que seria como primeiro-ministro. Um político que revela tanta leviandade e tanta amnésia não é o mais qualificado para chefiar o Governo de Portugal", acusou.
Assim, Paulo Portas sublinhou que é preciso "dar uma oportunidade à mudança e não deixar prevalecer a resignação com o que temos e não é bom", já que "é evidente que Portugal ficou pior comparando com o início da maioria absoluta do PS".
Outra evidência é que, "se olharmos para este princípio da democracia, a única opção racional é um voto de castigo ao PS", atirou, antes de lançar conselhos para a campanha da coligação: "Ponham na agenda quatro discussões: a nossa demografia, a nossa produtividade, a nossa inovação e a nossa poupança".
O antigo vice primeiro-ministro do governo de Passos Coelho nunca falou no Chega, nem em André Ventura, mas para aqueles que pensam em votar em partidos populistas lembrou o que aconteceu no reino Unido com o Brexit ou nos Estados Unidos, com a invasão do Capitólio.
“Eu apenas sugiro aos eleitores que tenham as tentações populistas que meditem não nas opiniões que cada um tenha, mas nos factos que já aconteceram onde esse tipo de populismo chegou ao ponto de assumir responsabilidades” disse Paulo Portas.
O antigo líder do CDS avisou que o que está em jogo a 10 de março é um governo de mudança que gera confiança e uma geringonça ainda mais radical.
“O governo da AD ganha e faz um governo de mudança, ou o que teremos não é uma repetição do PS, mas sim uma repetição da geringonça com um primeiro-ministro inexperiente, mais esquerdista, e com o BE e o PCP sentados no Conselho de Ministros” disse apulo Portas. O antigo líder do CDS avisou ainda que um executivo liderado por Pedro Nuno Santos seria “o mais radicalizados desde 1976”.
[atualizada às 19h01]