20 jan, 2024 - 19:43 • Lusa
O presidente do CDS afirmou este sábado que a Aliança Democrática (AD), que integra também PSD e PPM, não viabilizará um Governo de esquerda, desmentindo o líder do Chega, que classificou a coligação de "muleta útil do PS".
"A AD não viabilizará um Governo de esquerda, em primeiro lugar, porque vencerá as eleições e, em segundo lugar, porque a normalidade desapareceu quando o PS governou tendo perdido as eleições e Pedro Nuno Santos esclareceu que não viabilizará um Governo à sua direita, abrindo as portas a uma geringonça 2.0, que seria um desastre para Portugal", afirmou Nuno Melo, em comunicado.
"As regras têm de ser iguais para todos. Em condições normais quem vence deve governar", sublinhou o líder centrista.
O presidente dos democratas-cristãos reagia assim a declarações do líder do Chega, André Ventura, que afirmou este sábado que a AD admite viabilizar um eventual Governo minoritário do PS com uma maioria de direita no parlamento, apontando um "sentimento de revolta" entre PSD, CDS e Iniciativa Liberal.
"A AD assume que viabilizará um Governo PS, mesmo que haja uma maioria Chega, PSD e IL no parlamento. Este facto motivou nas últimas semanas um enorme sentimento de revolta em muitas hostes de PSD, IL e CDS", afirmou o líder do Chega.
Na resposta, o presidente do CDS afirmou que "mais do que tresler o pensamento alheio, André Ventura deveria tratar de deixar de ser a muleta útil do PS, nítida no anúncio de que o Chega apresentará uma moção de rejeição a um Governo da AD, fazendo um gigantesco favor ao PS, BE, CDU, PAN e Livre".
Para Nuno Melo, esta posição do Chega "ajuda a perceber a importância de a AD vencer as eleições em condições de não depender" do número de deputados eleitos do partido de André Ventura. .
"Certeza absoluta: quanto mais o Chega crescer, mais o PS ficará próximo de governar", insistiu.
A AD, continuou, "é a única alternativa estável, lúcida, previsível e com quadros capazes - que não teve de recrutar no refugo de outros partidos - para tirar o PS do poder", numa alusão à aproximação ao Chega de elementos anteriormente ligados a outras formações partidárias, como o caso do antigo deputado social-democrata Maló de Abreu, que vai integrar as listas do Chega às eleições legislativas de 10 de março.
"Vencer as eleições sem depender dos outros é a principal prioridade que melhor serve os interesses de Portugal", considerou Melo.
Em entrevista à TVI e CNN Portugal, Nuno Melo declarou, aos 17 minutos, que "se a AD vencer as eleições com mais um voto que seja em relação aos outros partidos, deve governar".
Questionado sobre se "espera que o PS dê essas condições de governabilidade se a AD vencer sem maioria", o líder do CDS afirmou que "isso é que é normal em democracia". Já sobre a hipótese de a Aliança Democrática não vencer as eleições e não existir uma maioria de esquerda no Parlamento, Nuno Melo aplica a mesma regra.
"Se o PS vencer as eleições, o que é normal, até dando como boa aquela que é a posição do líder desta coligação, é que quem vence deve governar", disse, explicando que aplica "aos outros rigorosamente aquilo que acho ou reclamo para nós".