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Montenegro acusa Governo de desrespeitar agricultores "até ao último minuto"

01 fev, 2024 - 08:45 • Lusa

Luís Montenegro considerou imoral que o Governo tenha decidido dar apoios e depois feito um corte de 35%.

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Veja a declaração de Luís Montenegro

O presidente do PSD, Luís Montenegro, manifestou esta quinta-feira solidariedade com os agricultores portugueses e acusou o Governo socialista de desrespeitar este setor "até ao último minuto do seu mandato".

"Na AD (Aliança Democrática, que integra PSD, CDS-PP e PPM) compreendemos as razões de protesto e a sua frustração. Este Governo socialista desrespeita os agricultores até ao último minuto do seu mandato", sublinhou o social-democrata, numa mensagem de vídeo.

Os agricultores portugueses manifestam-se a partir das 06h00 de quinta-feira com máquinas agrícolas nas estradas de várias zonas do país, reclamando "condições justas" e a "valorização da atividade", foi hoje anunciado.

Luís Montenegro considerou imoral que o Governo tenha decidido dar apoios e depois feito um corte de 35%.

O líder do PSD defendeu ainda que a agricultura é essencial para a criação de riqueza, mais coesão social e territorial e mais autonomia alimentar.

"A agricultura precisa de respeito e de proximidade e é isso que faremos estando ao lado dos agricultores de Portugal", frisou ainda, em alusão às eleições legislativas de 10 de março.

O Governo anunciou hoje um pacote de apoio ao rendimento dos agricultores no valor de quase 500 milhões de euros, destinado a mitigar o impacto provocado pela seca e a reforçar a Política Agrícola Comum.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) avançou hoje ao início da tarde que o Governo preparava para reverter os cortes previstos para os agricultores, no âmbito do Plano Estratégico da PAC (PEPAC).

No caso da agricultura biológica os cortes podem ascender a 35%.

"O Conselho foi unânime em considerar que isso seria absolutamente inaceitável e que demonstra uma falta de respeito e desarticulação do Ministério da Agricultura", afirmou o presidente da CAP, Álvaro Mendonça e Moura, após a reunião do Conselho de Presidentes da confederação.

A CAP disse ter estado em negociações com o Governo para reverter estas medidas, anunciando agora que "foi possível obter um acordo com o Governo no sentido de que esses cortes não terão efeito".

Os protestos de agricultores na Polónia em 2023, contra a liberalização das importações da Ucrânia, estenderam-se a outros países da Europa de Leste e à Alemanha, após o anúncio, em dezembro, de uma redução nas subvenções e a eliminação de benefícios fiscais sobre o gasóleo agrícola.

Em França, os protestos multiplicaram-se desde o outono por todo o país - contra a "transição verde" e a política agrícola europeia e reivindicando melhor remuneração para os seus produtos, menos burocracia e proteção contra as importações - e chegaram à Bélgica.

Com a contestação a alastrar pela Europa, alcançando Espanha, Grécia e, mais recentemente, Portugal, a Comissão Europeia lançou um "diálogo estratégico" sobre o futuro da agricultura, em contagem decrescente para as eleições europeias (06 a 09 de junho).

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