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Debate AD vs. BE

Montenegro "só tem propostas para lucros dos privados", Mortágua "cúmplice" da crise no SNS

06 fev, 2024 - 21:19 • Ricardo Vieira

Líderes do PSD e do Bloco de Esquerda, em debate na televisão, defenderam soluções opostas para os problemas do país, a caminho das eleições legislativas de 10 de março.

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O estado da Saúde, da Habitação e dos salários dos portugueses foram os temas em destaque no debate, na TVI, entre os líderes do do PSD, Luís Montenegro, e do Bloco de Esquerda (BE), Mariana Mortágua.

Luís Montenegro, que integra a coligação AD - Aliança Democrática nas legislativas de 10 de março, considera que "vale a pena salvar" o Serviço Nacional de Saúde (SNS) das "tropelias" dos governos PS e de medidas apoiadas pelo BE.

"A nossa proposta é nos primeiros 60 dias de governo aprovar um plano de emergência" para a saúde. O líder do PSD promete acabar com listas de espera que excedem o tempo máximo, até 2025, com a ajuda dos cheques-cirurgia emitidos rapidamente, e providenciar médicos de família com a ajuda do setor social e privado.

Maria Mortágua afirma que "o Bloco de Esquerda defende soluções, o PSD o agravamento dos problemas" na área da Saúde.

A líder bloquista considera que as parcerias público-privadas na Saúde tiveram maus resultados e em alguns casos burlas - citando o Tribunal de Contas.

Também rejeita que o cheque-cirurgia seja solução e considera que só serviria para dar dinheiro aos privados para contratarem médicos ao SNS.

"Pagamos das saúdes mais caras da Europa. O programa do PSD é uma cópia da Iniciativa Liberal e do Chega. A ideia do cheque-cirurgia é errada porque existe há dez anos e as listas de espera aumentaram e as pessoas rejeitam a ideia. Se fossem usados, o privado iria tirar médicos ao público. Luís Montenegro quer passar um cheque ao privado para ir buscar médicos ao público", argumenta.

Mariana Mortágua defende um regime de exclusividade para segurar os médicos no SNS. Estima que a proposta tenha um custo de 500 milhões de euros.

O líder do PSD voltou a corresponsabilizar o BE pelos problemas na Saúde e acusa o partido de Mariana Mortágua: "Está sempre obcecado pelo Estado, preocupem-se com as pessoas", afirmou.

"O BE é cúmplice do estado do SNS. Nenhuma unidade funciona sem recurso ao privado. Isso está escondido por trás da vossa hipocrisia. Vão recrutar às escondidas ao privado", atirou Luís Montenegro, ao mesmo tempo que defendia parcerias com os setores privado e social.

Montenegro admitiu que nem sempre tudo correu bem, mas defendeu os méritos das PPP na Saúde

"Não estou a dizer que os hospitais PPP faziam tudo bem, mas tinham melhor capacidade de resposta, sem urgências fechadas, e com resultados financeiros melhores. Quer vender uma realidade que não existe, por isso é que o BE está a cair como nos Açores", afirmou.

PSD e Chega só estão de acordo que há crise na Habitação

A crise na Habitação foi outro dos temas do debate, em que ficaram bem vincadas as diferenças entre os líderes do Bloco e do PSD.

Mariana Mortágua defende um tecto máximo para as rendas e juros mais baixos para quem contrai um empréstimo à habitação, através de uma intervenção da Caixa Geral de Depósitos.

"Metade dos países da OCDE tem regras na renda. É do mais elementar bom senso que isto se faça, mas é também preciso baixar os juros à habitação. Não ouvimos uma palavra sobre isso do PSD", disse a líder bloquista.

"Não há coisa mais extremistas e radical do que uma renda de 1.500 euros em Lisboa. Tenho propostas para as rendas e juros da casa. O PSD só tem propostas para aumentar os lucros privados", acusou Mariana Mortágua.

Luís Montenegro rejeita a possibilidade de um tecto máximo às rendas. "Esta visão de que é possível tabelar rendas ou venda de casas leva a que não haja ofertas de casas no mercado e o preço vai subir. Temos de atuar do lado da oferta e da procura", propôs.

A coordenadora do Bloco acusa o PSD de se reunir no passado com oligarcas russos para promover os "Vistos Gold" e de aprovar uma lei das rendas que "expulsou" idosos de casa e "esvaziou as cidades".

Dois mundos colidem sobre salários e impostos

Os salários marcaram a parte final do debate desta terça-feira. Mariana Mortágua rejeita o pagamento de um 15.º mês livre de impostos e defende uma "dedução especifica que aumenta em 500 euros para cada cidadão".

"O salário deve pagar com justiça o imposto e contribuições para a Segurança Social. É isso que nos diferencia do século XIX, onde não havia proteção no desemprego, na doença e na velhice. Defendo aumentos salariais, não defendo é permanentes engodos, em que se diz às pessoas que se está a lutar por melhores salários, quando na verdade se está a abdicar de uma receita fiscal", argumenta a líder do BE.

Já o secretário-geral do PSD defende uma baixa do IRS que "privilegie os jovens que estão a fugir de Portugal, com uma taxa máxima de 15% até aos 35 anos, e premiar a produtividade".

Montenegro acusa Mortágua de acreditar que a sociedade cria mais riqueza "com altíssimos impostos" sobre famílias e empresas e "secundou toda a política fiscal dos últimos anos" de governação do PS.

Mariana Mortágua considera que o PSD não tem uma proposta para descer o preço das casas nem para aumentar salários. "A sua proposta é reduzir impostos à banca, energia e a distribuição", rematou.

As eleições legislativas estão marcadas para 10 de março.

Comentários
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  • Petervlg
    08 fev, 2024 Trofa 16:28
    O BE, PCP e PS, colocaram isto tudo livre, tudo podia e pode ser feito, agora estamos como estamos em termos de Segurança, Saúde e Educação. em segurança, vamos ficar pior que o Brasil.
  • Anastácio José Marti
    07 fev, 2024 Lisboa 08:51
    Bem prega frei Tomás, olham para o que ele diz e vejam o que ele não faz. Aplica-se na perfeição a ambos os partidos de que estes elementos se assumem como dirigentes, pois se é verdade que o BE se vendeu ao PS e optou por ser muleta do mesmo PS não assumindo o que deveria ter assumido para com o SNS, Habitação, Rendimentos, etc, pois queria como sempre quis era estar no poder, mesmo que fosse indiretamente, como qualificar a suposta oposição deste PSD que a todas estas realidades assistiu impávido e sereno sem que exigisse, em todo este tempo do Governo o que agora reclama querer fazer. Que crédito podem e devem os portugueses dar a estes supostos partidos políticos que assim se comportaram, como sempre e que apenas e só conhece os portugueses quando do voto dos mesmos precisa?

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