09 fev, 2024 - 21:09 • Ricardo Vieira
Veja também:
"O risco de a direita e a AD ganharem é real" e "é praticamente impossível que o PS suporte um Governo do PSD", afirma o secretário-geral socialista. Pedro Nuno Santos falava no debate televisivo desta sexta-feira, na RTP3, com o porta-voz do Livre, Rui Tavares.
Questionado sobre uma eventual moção de rejeição a um Governo minoritário de direita após as eleições legislativas de 10 de março, Pedro Nuno Santos respondeu que dificilmente o PS apoiará um executivo liderado pelo social-democrata Luís Montenegro.
"A visão que temos da sociedade é distinta. O que está em causa nestas eleições é uma visão da sociedade, do Estado social, do Serviço Nacional de Saúde que nos distancia profundamente", declarou o líder do PS.
Pedro Nuno Santos sublinha que "quando o PS ganha eleições ou consegue uma maioria, governa. Quando o PS perde eleições e não consegue maioria, lidera a oposição".
O "PS não existe para suportar governos do PSD" e "pior serviço à democracia seria termos governação com PSD e PS comprometidos com a governação e deixar a liderança da oposição ao Chega e à extrema-direita", defende o líder socialista.
O porta-voz do Livre defendeu a importância de uma maioria de esquerda para impedir que a direita conquiste o poder em Portugal.
"Até às eleições de 10 de março temos tempo para evitar que aconteceu nos Açores. Dar confiança às pessoas e construir uma maioria de esquerda", declarou Rui Tavares.
Mais à frente no debate, o líder socialista referiu que a agenda e as propostas do Livre são "compatíveis" com o PS, mas só podem ser implementadas "se o PS ganhar as eleições".
"Não estamos em 2024 no mesmo ponto que estávamos em 2015 ou 2022, em que se perspetiva uma maioria de esquerda. O risco de a direita e a AD ganharem é real", admitiu Pedro Nuno Santos.
Neste debate com o porta-voz do Livre, Pedro Nuno Santos anunciou que, se for eleito primeiro-ministro, vai devolver aos professores todo o tempo de serviço até ao final da legislatura.
“Vamos conseguir fazer numa legislatura. Apresentaremos as nossas contas no domingo. A devolução integral do tempo de serviço é uma questão de justiça, de principio", promete agora o líder do PS.
Eleições Legislativas 2024
Rui Rocha quer muito ler o programa eleitoral do P(...)
Em entrevista à Renascença, a 7 de dezembro, Pedro Nuno Santos admitiu que podia precisar de duas legislaturas para pagar o tempo de serviço aos professores.
Pedro Nuno Santos adiantou esta sexta-feira, no frente a frente com Rui Tavares, que o programa de governo do PS vai ter outra medida para os professores: "O tempo de serviço será reposto além de melhorarmos os primeiros escalões de entrada da carreira docente para tornar a carreira mais atrativa. Teremos que fazer isso em negociação. Temos as contas feitas”.
O porta-voz do Livre recorda que o partido propunha no programa de 2015 a devolução do tempo integral de serviço aos professores. Rui Tavares diz que há falta de professores e é preciso respeitar a profissão e tornar "a carreira desejável" para atrair jovens.
Ainda na área da educação, Rui Tavares defende um modelo inspirado nas unidades de saúde familiar, com os professores a proporem o tipo de escola e a forma com deve ser governada.
O deputado defende que nos primeiros 100 dias de governação é necessário abrir um processo negociação com os sindicatos na educação, mas também na saúde e nas forças de segurança, para reforçar a aposta nos serviços públicos.
O debate na RTP3 olhou também para os problemas do Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Pedro Nuno Santos diz que não tem "dogmas" em relação ao setor privado, mas "onde achamos que devemos investir é no SNS".
"Nestas eleições joga-se mesmo o futuro do SNS. A AD não acredita no SNS e quer desviar recursos para o privado. Não acredito que portugueses queiram viver num país com um SNS fragilizado."
O líder socialista defende a continuação da reorganização do SNS, com a aposta nos cuidados de saúde primários e mais autonomia para os hospitais, além da valorização dos profissionais de saúde para que se sintam "motivados no SNS".
"No que o público não conseguir fazer, não temos dogmas com os privados. Eu cá não quero é um pais com um SNS mais fragilizado. O projeto da direita fragiliza ainda mais o SNS, Isso só se consegue travando a vitória da AD e da direita", reforçou o antigo ministro.
O porta-voz do Livre defende que é preciso "preservar o SNS" e rejeita uma privatização parcial da Saúde ou sistemas mistos.
Rui Tavares considera que "há concorrência desleal", porque "o privado sabe tudo sobre o público, o p+ublico não sabe nada do privado".
O antigo eurodeputado deu exemplos de medidas do Livre que o PS não aprovou e defende Saúde "em todas as políticas públicas" e o aproveitamento das verbas europeias do PRR.
Questionado se o apelo do PS ao voto útil pode prejudicar a presença do Livre no Parlamento, Rui Tavares respondeu: "Era o que faltava. O que é útil é haver subsídio de desemprego para a violência doméstica" e outras propostas do Livre.