13 fev, 2024 - 23:12 • João Pedro Quesado
André Ventura e Mariana Mortágua começaram com calma, mas as trocas de acusações lá chegaram. No debate desta noite, na RTP3, os líderes do Chega e do Bloco de Esquerda foram tão antagónicos como se previa nos temas da habitação, da imigração e da igualdade de género.
O debate começou pela habitação, com a coordenadora do BE a reafirmar "medidas que limitem as rendas" e "que limitem a procura de luxo, uma procura de milionários que não é para viver" e que "está a pressionar os preços".
"Sabemos que essa procura de luxo vem porque houve um benefício fiscal ", disse Mariana Mortágua, preparando-se para atacar o Chega pela proposta de recuperação dos vistos gold. "É surpreendente que o Chega queira reintroduzir os vistos gold em Portugal, que são não só uma fonte de especulação imobiliária, são também um visto para a corrupção, são a porta aberta para a corrupção, através da entrada de capital estrangeiro para compra de casas”, sustentou a deputada.
Em debate na televisão, líderes do Bloco e do PCP (...)
Já André Ventura considera que as propostas do Chega tocam “na oferta e na procura, coisa que o Bloco de Esquerda ignora”, acusando que o programa do BE refere a “posse administrativa” de edifícios devolutos.
O Bloco, diz Ventura, “não se preocupa em construir mais”, e “não se preocupa em dar benefícios fiscais a quem já se sente completamente atolado em impostos”, apenas se preocupa em “ter o Estado a fazer tudo”.
Mortágua esclareceu que o termo vem de uma lei aprovada por Cavaco Silva, e afirmou que “o salário em Portugal não paga uma casa”, ao passo que Ventura está apenas preocupado em “proteger os interesses imobiliários, porque é financiado por eles”.
O debate chegou ao tema da imigração já aquecido por acusações de parte a parte de albergar terroristas. O líder do Chega disse que o Bloco tem terroristas nas listas, e Mariana Mortágua apontou a Diogo Pacheco de Amorim, sem o referir pelo nome.
Acusações sobre o passado à parte, André Ventura enalteceu que as políticas de imigração que o seu partido defende, de “orientar a imigração para as necessidades que o próprio país precisa”, são praticadas em países como a Austrália, o Canadá e a Suíça.
Os líderes do Bloco de Esquerda e do Livre estiver(...)
“Não podemos continuar a ter e imigrantes a entrar sem qualquer controlo”, atirou Ventura, responsabilizando o BE pelo “maior erro” do país “nos últimos anos”, a extinção do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF).
Mariana Mortágua atirou que “a política que o Chega defende para a imigração significa o caos em Portugal”, nomeadamente “na agricultura, nas pescas, nos lares, onde 80% dos trabalhadores são imigrantes”. Contudo, o mais perverso seria “o caos na Segurança Social”, já que “por cada euro que um imigrante recebe em Portugal, para sete à Segurança Social”.
Ventura respondeu, agitando que o país caminha “para um milhão de imigrantes” e que a “esquerda queque” quer criar “o país da estação do Oriente, em que estão uma série de sem-abrigos imigrantes porque os deixaram cá entrar e agora não temos condições”.
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A coordenadora do BE decidiu contra-atacar. “O dr. Ventura falou há pouco de uma maioria de direita e eu queria deixar uma coisa muito clara. Eu estou mais próxima de determinar uma próxima governação do que está o dr. Ventura de fazer um acordo com partidos a quem anda a chamar prostitutas políticas”, atirou Mariana Mortágua, que ainda pediu calma a Ventura enquanto este a interrompia.
Depois, voltou ao tema da imigração, referindo que “os imigrantes estão em Portugal porque há trabalho, e a única questão que temos que responder é se queremos imigrantes regularizados e integrados, ou clandestinos e entregues às máfias”.
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“A não ser que reduzir currículos seja reduzir folhas de papel, reduzir currículos é reduzir professores”, concluiu a deputada, indicando que a poupança de mil milhões de euros indicada pelo Chega significa despedir “67 mil professores”.
Há três debates para as eleições legislativas de 10 de março para acompanhar na quarta-feira. Livre e PAN debatem às 18h15 na RTP3, seguidos do confronto entre Pedro Nuno Santos e André Ventura às 21h, na TVI. Rui Rocha e Paulo Raimundo fecham a noite a representar a IL e a CDU às 22h, de novo na RTP3.
[notícia atualizada às 1h02 de 14 de fevereiro]