22 fev, 2024 - 19:50 • Diogo Camilo
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A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) vai abrir um processo de averiguações a uma sondagem divulgada esta quinta-feira pelo Chega nas suas redes sociais e no seu jornal, o Folha Nacional, realizada por uma empresa brasileira que não está credenciada para a divulgação de sondagens em Portugal.
Em resposta à Renascença, a ERC confirma a abertura de um processo relacionado com a divulgação da sondagem da Paraná Pesquisas, uma empresa brasileira de estudos de opinião, na qual a colheita de dados foi feita pela portuguesa Intercampus.
"A ERC – Entidade Reguladora para a Comunicação Social informa que já determinou a abertura de um processo de averiguações para apreciação da matéria em causa e confirma já a receção de uma participação a este respeito", refere.
António Salvador, diretor da Intercampus, confirma à Renascença que a sua empresa fez a recolha da informação, com a análise dos dados a ficar a cargo da Paraná Pesquisas, indicando que o depósito da sondagem foi feito esta quinta-feira, em nome da Intercampus.
O responsável adianta que o estudo de opinião foi realizado com a condição de que não fosse divulgado num meio de comunicação, por a Paraná Pesquisas não estar credenciada para a realização de sondagens pela ERC.
No entanto, a sondagem acabou divulgada pelo jornal do Chega, um meio de comunicação registado na Entidade Reguladora para a Comunicação Social como publicação periódica de conteúdo "doutrinário", além de ser amplamente partilhado nas redes sociais pelo partido.
A Renascença questionou a ERC sobre que pena pode incorrer a Folha Nacional pela partilha de uma sondagem realizada por uma empresa não credenciada em Portugal, não tendo obtido resposta.
Em setembro de 2022, e antes das eleições brasileiras desse ano, o jornal Folha de São Paulo noticiou que a empresa de estudos de opinião brasileira recebeu pagamentos no valor de 500 mil euros (2,7 milhões de reais) do Partido Liberal, de Jair Bolsonaro.
Na altura, a Paraná Pesquisas era a única empresa que mostrava um cenário de empate técnico entre Bolsonaro e Lula da Silva.
Segundo o jornal, a casa de sondagens recebeu 20 transferências bancárias entre janeiro e julho, a que se juntou um contrato de 300 mil euros com o governo federal, assinado em março de 2022, uma prática criticada pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP) na altura.
[notícia corrigida às 18h de dia 23 de fevereiro, na data de depósito da sondagem junto da ERC]