23 fev, 2024 - 20:15 • João Pedro Quesado
André Ventura justificou esta sexta-feira a divulgação de uma sondagem nas redes sociais e jornal oficial do partido com a publicação de notícias no Brasil. A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) confirmou esta quinta-feira a abertura de um processo de averiguações, uma notícia que a Renascença deu em primeira mão, sobre a publicação da sondagem, realizada por uma empresa brasileira que não está credenciada em Portugal.
“Era o que faltava o Chega não se poder referir a notícias de outros países”, afirmou André Ventura, declarando que a sondagem estava “a circular por toda a imprensa brasileira” desde a manhã de quinta-feira.
Confrontado com o facto de a empresa responsável pela sondagem, a Paraná Pesquisas, não estar credenciada junto da ERC para a realização de sondagens em Portugal – uma condição legal, afirmada no artigo 3.º da lei das sondagens -, Ventura respondeu: “Não temos nada a ver com a empresa.”
“Nós não pedimos a sondagem, a sondagem não é nossa, está publicada na imprensa brasileira”, insistiu. “Partilhámos uma notícia nossa, que se referia à imprensa brasileira.”
A lei das sondagens, de junho de 2000, estabelece que “a publicação ou difusão pública de qualquer sondagem de opinião apenas é permitida após o depósito desta”. O artigo 5.º diz ainda que o depósito da sondagem deve acontecer “até trinta minutos antes da publicação ou difusão pública”.
António Salvador, diretor da Intercampus, afirmou esta quinta-feira à Renascença que foi a sua empresa a fazer a recolha da informação, e indicou que o depósito da sondagem foi feito na quinta-feira, já depois de a sondagem ser posta a circular nas redes sociais pelo próprio Chega - o que, a ser verdade, torna a divulgação da sondagem uma violação da lei.
O responsável disse ainda que o estudo de opinião foi realizado com a condição de que não fosse divulgado em nenhum meio de comunicação.
“Aparentemente o problema é o Chega estar empatado com os outros”, disse o líder do partido de extrema-direita, acusando a ERC de viés político.
André Ventura sublinhou ainda que o processo de averiguações não é ao partido, mas à empresa de sondagens. A Renascença procurou confirmar junto da ERC os detalhes da investigação, incluindo que entidade é alvo da investigação, mas não obteve resposta.
No caso desta sondagem, o trabalho de campo foi realizado pela Intercampus, e a análise de dados foi efetuada pela Paraná Pesquisas, a empresa não credenciada em Portugal para a produção de sondagens.