26 fev, 2024 - 11:04 • João Carlos Malta
“A pobreza é a maior derrota das últimas décadas”, assumiu o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, no início do debate da rádio, que decorre esta segunda-feira, e que junta todos os líderes partidários com assento parlamentar com exceção de André Ventura do Chega, que optou por estar ausente.
A pobreza foi o tema com que começou este debate e o secretário-geral do PS disse que a falta de recursos é “um dos maiores desafios” do país. “É-o há décadas”, afirmou.
Rui Rocha, líder da Iniciativa Liberal, aproveitou a deixa de Pedro Nuno Santos para dizer que sublinhava o momento em que o secretário-geral do PS assumiu a derrota no debate à pobreza. “Fica-lhe bem”, disse.
Antes, Pedro Nuno Santos defendeu que é necessário diversificar as fontes de financiamento da Segurança Social para que “não dependa só dos trabalhadores”.
O líder socialista quer fazê-lo através de rendimentos do capital. “É um dos temas que queremos lançar. A reforma de financiamento da Segurança Social”.
Entrevista Renascença/Ecclesia
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Sobre este tema, o presidente do PSD, Luís Montenegro, que chegou com 10 minutos atraso ao debate, disse que há dados contraditórios sobre a situação de sustentabilidade da Segurança Social. “Há académicos que dizem coisas diferentes do Governo”, disse.
Por isso, Montenegro diz que na próxima legislatura, o PSD, se for governo, não fará reformas na Segurança Social porque será necessário estudar a situação inicial. O líder social-democrata rejeitou, todavia, a proposta de financiar a SS com a privatização da Caixa Geral de Depósitos. “Isso está fora de questão”.
Rui Rocha, da Iniciativa Liberal, argumentou que não reduzirá em um cêntimo nas pensões. Sobre esta temática, Rocha disse ser inaceitável que quem tem agora 40 anos receba uma pensão que valerá 50% do último salário.
A líder do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, atacou os liberais pelas propostas que têm para a Segurança Social. “As propostas para privatizar são sempre desastrosas, correm sempre mal”.
Mortágua pegou no caso britânico em que Liz Truss, ex-primeira-ministra, criou o caos ao privatizar o sistema de segurança social o que teve como consequência que os fundos de pensão perdessem 40% do valor.
Atacou também o PS pelo “alarmismo que criou, por “mentir” “com documentos falsos” para ameaçar fazer cortes nas pensões.
A porta-voz do BE, no combate à pobreza lamentou que Portugal fosse o segundo país da OCDE mais desigual em que 1% da população tem 23% da riqueza produzida.
Já Paulo Raimundo do PCP argumentou que o problema da pobreza apenas se resolve com o aumento dos salários. Sobre a sustentabilidade da Segurança Social afirmou que não está em risco, mesmo que venham os “papões todos”.
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“A única forma de temos de garantir essa sustentabilidade não é entregar o dinheiro dos trabalhadores ao privado”, sustentou.
O PAN quer que o Partido Socialista acompanhe o partido na proposta de renegociação das PPP rodoviárias. Inês de Sousa Real do PAN lançou um repto diretamente a Pedro Nuno Santos, propondo um refinanciamento da SS para um alargamento de fontes de financiamento.
Sousa Real diz que estas PPP custam três vezes mais ao Estado do que o preço inicial.
A deputada única do PAN quis realçar que os dados em relação à pobreza provam que "os populismos antidemocráticos são um absurdo civilizacional".
Inês de Sousa Real critica, ainda, a proposta da IL de privatizar parcialmente a Segurança Social. A porta-voz do PAN focou-se nas queixas dos sistemas de segurança de social de classes profissionais como a advocacia e os solicitadores.
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"Temos uma única caixa que continua a ser privada e sabemos a desproteção social que tem gerado, sobretudo, para as mulheres mais afetadas pela pobreza. Para ser mãe hoje em dia, advogada ou solicitadora, não há apoio na maternidade", aponta.
Por fim Rui Tavares, do Livre, considerou a pobreza um “tema central para o nosso país”. Discorda da análise de que o país não tenha conseguido erradicar em décadas, “não foi erradicada em séculos”.
Mas Tavares acredita mesmo que este flagelo “pode ser erradicado” e que o país tem riqueza para isso. Para isso, o Livre apoia o reforço do abono de família, sobretudo em famílias monoparentais. Quer ainda o Complemento Social para Idosos reforçado, “para que não haja valores abaixo do salário mínimo”.
Para rematar, Rui Tavares defendeu aquele que é uma das propostas mais fortes do partido nesta área: a herança social.
“Não podemos olhar para os filhos e filhas do nosso país e que haja quem acabe uma formação e possa pagar o material para se estabelecer como trabalhador independente e outros que não podem”, sublinhou. “Estamos a perder oportunidades económicas”, acrescentou.