28 fev, 2024 - 23:48 • Alexandre Abrantes Neves
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Primeiro de manhã, depois à tarde, mas sempre com o mar em pano de fundo. A líder do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) aproveitou as ações de campanha em Cascais esta quarta-feira para deixar várias críticas à Aliança Democrática (AD).
Apesar de Inês Sousa Real, primeiro, ter afirmado que ataques como aquele que Luís Montenegro sofreu esta quarta-feira “não são a forma mais correta de combater as alterações climáticas”, à tarde, a história foi diferente. De visita à Quinta dos Ingleses, em Carcavelos – mesmo em frente ao mar -, a porta-voz do partido pediu que “num dia em que tem sido tão mediática a questão da tinta verde sobre Luís Montenegro, não nos podemos esquecer de pintar a orla costeira de verde, de verde natural”.
E enquanto se discutia o “enorme impacto ambiental e na comunidade” da construção de um complexo turístico naquela zona verde de mais de 50 hectares, a AD voltou à baila. A Câmara Municipal de Cascais, liderada pelo social-democrata Carlos Carreiras, já aprovou o alvará da construção – e de nada serviu o descontentamento da população, já marcado por ações em tribunal para tentar travar o projeto. E, por esta razão, Inês Sousa Real é rápida a renomear a coligação de “Aliança Não-Democrática”.
“A construção deste empreendimento põe em causa até o desenvolvimento sustentável da região, a par do combate às alterações climáticas. E não posso deixar de referir a Aliança Democrática também aqui, a nível camarário, tem estado do lado errado da história e mais passa por uma Aliança antidemocrática que não ouve a população”, defendeu.
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Inês Sousa Real esteve na Quinta dos Ingleses, em (...)
Entre o arvoredo da Quinta dos Ingleses, veem-se várias tendas, de todas as cores, onde vivem muitos que se viram sem teto com o aumento do custo de vida. Inês Sousa Real ironizava que “curiosamente se está a falar de construção de luxo, quando a habitação de emergência tem estado estagnada”.
Pedro Jordão, da associação SOS Quinta dos Ingleses, disse que esta é uma preocupação que deve ser resolvida “num muito curto prazo” – mas não a única.
“O problema é que a construção de luxo que aqui vai ser criada terá um efeito enorme em termos de especulação, de gentrificação e arredará cada vez mais a possibilidade de jovens e da classe média ter habitação no concelho”, detalhou.
E é a própria líder do PAN a sugerir que, caso nenhuma destas ações surta efeito, que se avance para uma providência cautelar para travar as obras. Apesar de admitir que esse é o cenário cada vez mais provável, Pedro Jordão faz questão de “manter a esperança” numa resolução pacífica.
Ainda antes, à margem de uma ação com estudantes na Nova SBE em Lisboa, Inês Sousa Real virou a mira para o segundo parceiro da coligação de direita: o CDS-PP.
Depois de responder a Nuno Melo – e garantir que o PAN em nada está envolvido nos movimentos climáticos que se têm destacado nos últimos meses –, a líder do partido não deixou escapar sem resposta as declarações de Paulo Núncio, sobre um novo referendo ao aborto. Inês Sousa Real acusou a direita de querer “afrontar” os direitos das mulheres – e deixou claro que isto é só mais um ponto de afastamento entre o PAN e a AD.
“Já deixamos bastante claro que estamos distanciados da Aliança Democrática e isto veio recordar porque é que foi um erro Luís Montenegro ter dado a mão ao e ao CDS. O aborto foi um dos passos mais importantes que se deu para que as mulheres deixassem de morrer e tivessem direito à saúde e à integridade sexual e reprodutiva”, sublinhou.
Confrontada pela Renascença sobre uma possível incoerência política - já que o PAN viabilizou o governo do PSD/CDS na Madeira -, Sousa Real esclareceu que o acordo de incidência parlamentar é "apenas com o PSD e não com o CDS".
Entre estas tomadas de posição, o acaso acabou a ajudar Inês Sousa Real, que já tinha marcada uma visita ao estabelecimento prisional de Tires, que só recebe mulheres. Lá, passou pela Casa das Mães – a ala onde estão as reclusas com filhos até aos três anos e onde, para a líder do PAN, se dá um “contributo fundamental na capacitação para a maternidade”.
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E, sem fugir a um dos temas do dia, Inês Sousa Real destacou mais uma dimensão onde as mulheres são as principais prejudicadas: a pobreza e a criminalidade.
“As mulheres são das mais vulneráveis aos fenómenos da pobreza e, por isso mesmo, temos de apostar naquilo que são as respostas sociais que possam prevenir e evitar que venham parar estas situações de reclusão”, explicou.
Ainda assim, se há desejo que estas mulheres têm é reintegrarem-se na sociedade – e, para as ajudar, tem de ser o Estado a dar o primeiro passo.
“Estamos a falar de mulheres que querem ter uma segunda. Querem garantir que, quando saem, podem dedicar-se aos seus filhos, apostar na educação e ter uma oportunidade de trabalho. E para isso, o país tem de ter também respostas ao nível da integração profissional e também destas crianças que aqui estão”, rematou.
Esta quinta-feira, a caravana ambientalista ruma finalmente a Norte, com paragens em Viseu e Castelo Branco.