05 mar, 2024 - 14:19 • Lusa
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O presidente do PSD foi confrontado esta terça-feira por um ambientalista que alegou que o programa da AD quer aumentar a área do eucalipto, o que Luís Montenegro negou, mas defendeu o equilíbrio entre ambiente e economia.
No final de uma arruada em Águeda, no distrito de Aveiro, Manuel Reis, presidente da associação Agir pelo Planeta, que veio de Vila Nova de Gaia para questionar Luís Montenegro, ofereceu ao líder da AD um vaso com um pequeno carvalho e desafiou-o a esclarecer uma parte seu programa eleitoral, num diálogo que durou quase cinco minutos.
"Porque é que no seu programa só tem medidas para aumentar o eucalipto e não tem nada sobre a floresta nativa?", questionou.
Montenegro respondeu que não era verdade, e pediu-lhe para ler todo o programa da AD, no qual não consta a palavra eucalipto.
Na frase sublinhada por Manuel Reis no programa, lê-se como uma das metas para as florestas: "Aumentar a produtividade e as matérias-primas disponíveis das principais fileiras florestais, com plantações de áreas abandonadas e ocupadas com matos e reconversão de povoamentos mal-adaptados".
"Estamos a falar de ordenar e explorar o território com respeito pelas preocupações ambientais, o clima, mas também com respeito pelas pessoas, pelas atividades económicas", afirmou Montenegro.
Manuel Reis pediu a Montenegro para responder diretamente se "está aqui o aumento da área do eucalipto".
"Não, não está. O que está aí é uma preocupação com a gestão florestal, uma preocupação de ligar a floresta à agricultura e não pôr a floresta sob alçada do ambiente, isso eu assumo consigo. Eu tenho as minhas ideias muito claras, se não gosta e vem com uma opinião fechada não vale a pena falar muito", disse.
Manuel Reis, que disse depois aos jornalistas não ter filiação partidária mas votar "na esquerda", insistiu: "Vamos aumentar a área do eucalipto ou não?".
"Vamos aumentar a exploração florestal, vamos aumentar as zonas de cultivo, gestão e ordenação de floresta, só tendo floresta bem gerida e com rendimento para os proprietários vamos conseguir evitar, por exemplo, os grandes incêndios", respondeu o líder do PSD.
A meio do diálogo, o volume da música da coluna que acompanha sempre as juventudes partidárias foi aumentado, mas depois acabou por ser novamente reduzido e o diálogo prosseguiu.
Manuel Reis defendeu que a plantação de eucaliptos nem sequer dá rendimentos e "os únicos que beneficiam são as grandes plantações de celulose", o que o presidente do PSD contestou.
"Estava a colocar o ponto onde queria convencê-lo, é que é de facto quando temos ordenamento, gestão e rendimentos que conseguimos ter melhores resultados. É nesses terrenos - eu não sou defensor das empresas, mas do ordenamento -- que há menos incêndios", disse.
O ambientalista insistiu que "onde há menos incêndios é onde há carvalhos" e outras espécies autóctones.
"Há espaço para todos, quando só vemos para um lado não conseguimos ver a floresta toda. Vocês querem defender o clima, as vossas causas e fazem bem, só que têm de ter abertura de espírito para compreender os outros, é isso que significa Aliança Democrática. Se quiser apenas ver o seu ponto de vista, vote noutro", aconselhou Montenegro.
Manuel Reis insistiu na pergunta "onde está a reflorestação nativa" no programa da AD, com o presidente do PSD a responder que iria aproveitar o carvalho oferecido pelo ambientalista e seguiu caminho.
Em declarações aos jornalistas, o presidente da associação ambientalista insistiu que o programa do PSD não tem medidas para desenvolver a floresta autóctone e pretende aumentar a área dedicada aos eucaliptos.