05 mar, 2024 - 16:03 • Filipa Ribeiro
A Iniciativa Liberal "fica sempre bem". Foi assim que Rui Rocha, presidente da IL, reagiu à possibilidade de uma coligação governativa entre a AD e o Chega, conforme voltou a sugerir André Ventura na segunda-feira. Perante a insistência do líder do Chega em falar de um futuro acordo com a AD, cenário que tem sido afastado por Luís Montenegro, Rui Rocha fala em "desespero" do lado do partido de André Ventura. Do lado da IL, que recusa uma coligação em que entre o Chega, há pouco mais a acrescentar: "Somos o partido mais claro sobre os cenário sem que nos movemos."
De resto, "cabe ao PSD esclarecer o que considerar que deve esclarecer", começou por dizer Rui Rocha, referindo-se a eventuais coligações com o Chega e que deixem de fora a IL. Sobre cenários futuros, "que são negados pela liderança do PSD", recusa-se a fazer "especulações".
"Já estamos habituados a uma certa tentativa que parece, às vezes, desespero, de trazer argumentos para o debate, quando se vê que as coisas não estão a correr bem. É esse o modo de atuar do Chega", acusa o líder da IL.
Críticas à parte, o dia de Rui Rocha, que acordou bastante cedo nesta terça-feira, foi dedicado aos transportes públicos e começou com a viagem entre margem sul e Lisboa. No Pragal, bebeu café e apanhou o metro até Cacilhas. Já na carruagem, Rui Rocha sentou-se ao lado de Helena Duarte que aproveitou a ligação para enumerar os principais problemas de quem usa transportes públicos e precisa de atravessar o Tejo.
"Não temos só este cais em Cacilhas. Temos outro na Trafaria, e outro em Porto Brandão, mas este último quase que não funciona porque a rede de transportes para nos levar até esse cais não funciona", lamentou Helena Duarte que, mais tarde, confessou à Renascença não saber com quem estava a conversar.
"O preço dos transportes até baixou, mas a oferta é quase nenhuma", sublinhou Helena Duarte que, questionada sobre o que lhe foi dito por Rui Rocha afirmou: "Absolutamente nada." À Renascença assumiu ainda que "não fazia a mínima ideia" quem era o senhor com quem foi a conversar durante toda a viagem de metro.
Depois da conversa com Helena Nunes no metro, à entrada para o barco, o líder da IL conversou com Luís Medeiros que, apesar de se mostrar satisfeito com a redução do preço dos passes, pediu a Rui Rocha "um melhor serviço" nos transportes.
Já na embarcação, o presidente dos liberais subiu para o segundo piso e sentou-se ao lado de Rosalina Trilho - que assumiu fazer parte dos indecisos. E quando é que vai tomar a sua decisão? "Deve ser mesmo à boca da urna", confessou. Para a residente em Almada, os transportes fluviais "funcionavam melhor há dois anos" e, na sua opinião, além de terem "reduzido os horários", "nos últimos anos, há plenários e greves sucessivas", a que se soma o "problema da lotação de barcos".
Rosalina Trilho conta que chega a estar meia hora à espera de um barco, já que aos moradores e trabalhadores da zona, se somam também os turistas. No total, passa três horas por dia nos transportes, e concorda com a Iniciativa Liberal: o dinheiro dos bilhetes deve ser restituído aos utentes nos dias de greve.
Se, no metro, calhou a Rui Rocha sentar-se ao lado de quem não o conhecia, ali foi o contrário. Um jovem de 21 anos, estudante de Gestão, passou o resto da viagem ao lado do líder da IL e Rafael Cunha acabou por dizer que tenciona votar na Iniciativa Liberal a 10 de março. Natural de Almada, vai todos os dias para as aulas de barco. "Normalmente, estou satisfeito", diz, apesar de concordar com Rui Rocha de que, por vezes, as ligações são imprevisíveis. Não se foi embora sem desejar força ao líder da IL: "Nós acreditamos em ti."
No final, a conclusão de Rui Rocha é que o rio Tejo está a tornar-se numa "barreira" quando deveria ser uma autoestrada.
No seu programa eleitoral, a IL defende a privatização e liberalização dos transportes públicos. Para as ligações fluviais no Tejo, por exemplo, Rui Rocha sugere uma solução que pode ir beber ao exemplo das autoestradas ou da Fertagus. "Onde há concorrência deve haver privatização, onde não há, deve haver concessão", explicou. "Se houver condições para concorrência, liberalizaremos o mercado. Se não houver, concessionamos."