07 mar, 2024 - 21:56 • Alexandre Abrantes Neves
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A caravana do PAN acelera nesta reta final e, ao penúltimo dia de campanha, o foco parece ter sido recuperar o deputado perdido em Setúbal em 2022 e conquistar o voto dos antigos combatentes.
Com a manhã passada na cidade sadina, Inês Sousa Real começou por participar num mural de protesto contra o transporte marítimo de animais vivos. E perante a decisão de escolher entre a mão esquerda ou direita para usar a lata de tinta, a porta-voz do PAN brincou com os acordos depois das eleições: “Nós vamos lá, com a esquerda ou a direita, o PAN vai pela frente e segue o seu caminho”.
Entendimento à esquerda ou à direita, o importante para domingo é conseguir um grupo parlamentar e recuperar o deputado perdido no distrito em 2022. Por isso, e sempre acompanhada da cabeça-de-lista por Setúbal, Alexandra Moreira, a líder do partido percorreu os corredores do Mercado do Livramento, colocando-se ao lado da população quanto às queixas sobre a inflação.
Entre as bancas, havia quem “gostasse muito de a ouvir”, outros que lhe reconheciam apenas a cara e ainda quem não tivesse decidido o voto. Mas quem captou a atenção da comitiva do PAN foi Fernando Meira, antigo combatente que se queixa de falta de apoios para quem foi soldado na Guerra Colonial.
Inês Sousa Real frisou o afastamento da Aliança De(...)
“Eu fui paraquedista, estive na Guiné há 50 anos e foi lá que perdi a minha saúde. O cartão é uma esmola, que me estão a andar. Eu já perguntei ao ministro da Administração Interna se ele precisava que eu lhe fizesse um desenho e ele ficou a ilhar para mim sem responder. Eles esquecem-se de nós e isso não se admite ”, explicou.
O tema acabou por dominar o trajeto diário na caravana do PAN, uma vez que da parte da tarde já estava agendada uma reunião na Associação dos Deficientes das Forças Armadas. Inês Sousa Real prometeu trazer a revisão do Estatuto de Antigo Combatente para cima da mesa na próxima legislatura – e disse querer aumentar o indexante de apoios sociais (IAS), valor do qual também estão dependentes todas as ajudas para os soldados que serviram na Guerra Colonial.
“Estas pessoas serviram o país e têm uma dívida a seu favor por parte do Estado. É fundamental que se revejam os apoios sociais: a nível de psicólogos, da fisioterapia, no acesso à medicação, no próprio acesso à saúde e também a acessibilidade. E também não nos podemos esquecer que, estando estas pensões e estes apoios associados ao indexante, é fundamental garantir que o IAS é superior ao limiar da pobreza”, defendeu.
E se de manhã, a porta-voz do PAN aproveitou a véspera do Dia Internacional da Mulher para reafirmar a vontade de incluir a igualdade de género numa próxima revisão constitucional, da parte da tarde Sousa Real não esqueceu as mulheres dos antigos combatentes. A porta-voz do partido relembrou que são “cuidadoras informais que têm direito a um valor condigno e que não podem ficar para trás, porque cuidaram de um terceiro que se dedicou à pátria”.
Questionada pela Renascença sobre uma mensagem para os indecisos, Inês Sousa Real diz que sente nas ruas que "muita gente" ainda não decidiu o voto, até porque "há muita insatisfação nas pessoas quanto às condições de vida". A líder do partido sublinhou que "o PAN não falhou aos portugueses".
"Nós fomos o partido que mais trabalhou na Assembleia da República. Por isso, eu faço o apelo [ao voto no PAN] às pessoas e ativistas que se identificam com as causas que nós representamos, quer do ponto de vista social e humanitário, quer do ponto de vista da proteção animal e ambiental. Somos a única força política que, durante todo o ano, fala nestas questões", rematou.
Na reta final da campanha, a caravana do PAN fica pela cidade de Lisboa, num aparente esforço de conseguir eleger um segundo deputado na capital. Esta sexta-feira, Sousa Real e a comitiva dedicam-se em força à causa feminista – de manhã, numa manifestação de enfermeiras e, à tarde, numa marcha do Dia Internacional da Mulher.