07 mar, 2024 - 17:50 • Lusa
A ambição de voltar a ter um grupo parlamentar e a afirmação como principal força progressista com políticas verdes marcaram a campanha do PAN, que criticou o conservadorismo da AD e a falta de obra feita do PS.
Ao longo da campanha, a porta-voz do Pessoas-Animais-Natureza (PAN) destacou a "agenda progressista e ambientalista" do partido, ligando-a a áreas como a saúde, a imigração, o turismo ou o desporto. .
Inês Sousa Real não excluiu a possibilidade de entendimentos pós-eleitorais, mas frisou o afastamento da Aliança Democrática (AD), considerando que Luís Montenegro "deu a mão ao conservadorismo" quando se juntou ao PPM e CDS.
As críticas agudizaram-se quando Paulo Núncio, do PSD, defendeu a realização de um novo referendo à interrupção voluntária da gravidez (IVG), e quando o líder do Chega afirmou ter garantias de uma aliança pós eleitoral.
Inês Sousa Real acusou a aliança de direita de não ter "preocupações ao nível direitos dos animais e ambiente, e menos ainda com os direitos das mulheres", e, noutra ocasião, desafiou Montenegro a esclarecer a existência de uma eventual aliança pós-eleitoral com o partido de André Ventura.
Em relação ao PS, a porta-voz do PAN considerou que a maioria absoluta de António Costa "foi uma oportunidade perdida para os avanços que o país poderia ter feito".
Em Beja, Inês Sousa Real voltou a defender que o aeroporto da cidade alentejana, "pode e deve ser complementar" à solução que for encontrada para Lisboa, e defendeu uma aposta nas acessibilidades.
A suspensão das explorações de lítio, e a revogação do Simplex ambiental e urbanístico foram bandeiras de campanha do PAN, que quer "evitar uma destruição de valores naturais a reboque de uma pseudotransição energética".
Na área económica, o partido, que propõe uma "reforma fiscal muito robusta", considerou positiva a subida do "rating" de Portugal, que voltou estar entre os níveis "A", mas alertou para o muito que ainda há por fazer em matéria de transição energética, de descarbonização da economia e também das centrais fotovoltaicas.
Em Faro, Inês Sousa Real juntou educação e saúde defendendo a necessidade de mais oferta pública no que respeita ao alojamento estudantil, e no acesso dos estudantes deslocados a médicos de família.
Na passagem por Viseu, a líder do PAN falou sobre a necessidade de criar incentivos para apoiar o comércio local, e repensar o modelo de funcionamento das grandes superfícies, aproveitando para lembrar o empenho do partido na reposição das 35 horas semanais para o privado, e de mais dias de férias.
Ao longo da campanha, o partido rejeitou fazer "uma politização da atuação quer do Ministério Público e da Procuradoria Geral da República", mas defendeu a necessidade de mais meios para a justiça.
Em termos da situação internacional, tema muito pouco presente na campanha, o PAN considerou essencial um "esforço de cooperação internacional no sentido de recuperação da paz", sinalizando também a pegada ambiental das guerras na Ucrânia e em Gaza.
Inês Sousa Real lamentou o protesto com tinta verde que atingiu o presidente do PSD, entretanto reivindicado pelo movimento Fim ao Fóssil, mas mostrou-se solidária com a "frustração dos jovens que vão pagar a fatura climática", e Dias depois, condenou também o incidente em Guimarães, onde o líder do PS foi atingido por um vaso.
A porta-voz apelou à pluralidade na Assembleia da República, considerando que "o país não pode ficar refém de maiorias absolutas nem de alianças muito pouco democráticas", e assumiu a vontade do PAN voltar a ter um grupo parlamentar.
Depois de ter conseguido eleger André Silva em 2015, o PAN assegurou quatro lugares no parlamento em 2019, mas voltou a ter um único representante após as legislativas de 2022.
Durante a campanha, dois membros do PAN eleitos para a Assembleia Municipal de Faro anunciarem a desfiliação, acusando a direção nacional de estar cada vez mais distante dos seus princípios orientadores.