08 mar, 2024 - 19:21 • Ricardo Vieira, com Lusa
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"A covid foi uma benesse para este Governo" e Luís Montenegro "não é sujeito a alterações psicológicas". As declarações da antiga ministra social-democrata Manuela Ferreira Leite estão a inflamar o último de campanha para as eleições legislativas de domingo.
Num almoço-comício de campanha da Aliança Democrática (AD), na Estufa Fria, em Lisboa, comemorativo do Dia Internacional da Mulher, a antiga líder do PSD acusou também o PS de ter destruído o Estado social com a sua governação, de desbaratar os fundos do PRR e colocou dúvidas sobre as contas públicas no futuro.
As declarações de Manuela Ferreira Leite já mereceram críticas de personalidades do Partido Socialista, como Marta Temido e Francisco Assis.
A antiga ministra da Saúde Marta Temido lamenta o que considera ser declarações "cruéis" e desrespeitosas.
"A pandemia foi considerada uma benesse, uma bênção dos céus e consideramos no PS que essas declarações além de serem cruéis para as pessoas cujos familiares perderam a vida, mostra um desrespeito pelo esforço dos profissionais de saúde, do SNS e inclusivamente por aquilo que foi a capacidade de adaptação de resposta dos portugueses. Sentimos que foi um momento profundamente infeliz", afirmou Marta Temido, questionada pelos jornalistas durante uma ação de campanha do PS.
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Ferreira Leite disse que o líder do PSD, Luís Montenegro, é "sensato" e não é sujeito a "alterações psicológicas", uma declaração vista como uma comparação com o secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos.
Para Marta Temido, "são declarações que mostram insensibilidade e perda de norte em relação ao esforço dos portugueses, ao momento que está em causa, ao futuro e àquilo que são quase as regras da democracia, da parte de uma pessoa que disse que era preciso suspender a democracia durante algum tempo".
Manuela Ferreira Leite devia pedir desculpa? A antiga ministra da Saúde considera que foi um "momento infeliz, mas ele denota uma atitude e uma forma de olhar uma realidade muito difícil para os portugueses" e "para quem estava a governar o país".
"Dizer que aquilo que o que o Governo fez em termos de apoios era o que qualquer outro Governo faria, não é verdade. Bem sabemos que em crises anteriores não foi com ajudas que outros governos responderam", argumentou Marta Temido.
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Considerar que o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) "foi uma dádiva, um maná que caiu dos céus é ignorar todo o esforço que António Costa teve de liderança da UE para conquistar aquilo que é uma situação completamente diferente em matéria de resposta à crise", rematou Marta Temido.
Já o socialista Francisco Assis considera “infames” os ataques de Luís Montenegro e Ferreira Leite sobre o equilíbrio emocional e psicológico de Pedro Nuno Santos.
“Não pode valer tudo no combate político. São deploráveis os ataques infames que nas últimas horas têm sido dirigidos ao secretário-geral do PS. Pedro Nuno Santos é um político sério, um homem decente e livre, alguém em quem se pode confiar”, declarou à agência Lusa o cabeça de lista socialista pelo Porto.
Para o ex-presidente do Conselho Económico e Social, o atual líder socialista “não é, nunca foi, um vendedor de ilusões”.
“É lícito discordar dele, é inadmissível desconfiar do seu caráter ou pôr em causa a sua sensatez e a sua lucidez. Admiro em Pedro Nuno Santos por quatro características fundamentais: a decência, a coragem, a determinação e o apego à verdade. Por isso mesmo, espero que ele seja o próximo primeiro-ministro de Portugal”, afirmou.
O último a reagir foi mesmo o secretário-geral do PS. No discurso de encerramento da campanha, em Almada, Pedro Nuno Santos, acusou Manuela Ferreira Leite de ter revelado falta de respeito pelas vítimas e pelos profissionais de saúde quando considerou que a covid-19 foi uma benesse para os governos socialistas.
"Dizer que a covid-19 é uma benesse é um desrespeito pelas vítimas e pelos profissionais de saúde. É um desrespeito ao Serviço Nacional de Saúde (SNS)", declarou o líder socialista.
[notícia atualizada às 22h34]